Ontem no bate-papo especial de feriado, que estava muito animado, uma concurseira disse que estava preocupada com os custos de fazer a prova do STF em Brasília (ela mora no interior de São Paulo). A preocupação dela é válida, já que a capital federal, cravada no meio do cerrado goiano, é distante de praticamente tudo, tornando os custos de viagem e estadia um problema real. Já prestei duas provas em Brasília e sei que os custos não são brincadeira (moro no sul de Minas Gerais).
Mas como tudo que se relaciona com consumo, dá para minimizar os gastos de viagem com um pouco de planejamento, pesquisa e sacrifício.
Façamos um exercício de raciocínio. Tomemos quatro concurseiros fictícios, Letícia, Paulo, Viviana e Marcos, que residem na mesma cidade fictícia de Paulinópolis, duzentos quilômetros distante de São Paulo (capital), que optaram por viajar com diferentes opções de transporte, estadia e gastos.
Pacote de primeira classeNão há nada como viajar para prestar provas de concursos públicos sem se preocupar com gastos. Letícia tem a sorte de ter uma família com posses que podem lhe permitir viajar dessa forma para prestar os concursos públicos nos quais se inscreve. Vejamos sua planilha de gastos:
Ida de carro para São Paulo – R$50,00
Vôo da TAM para Brasília – R$385,00
Táxi para o hotel – R$40,00
Diária do hotel (quatro estrelas) – R$160,00
Alimentação durante a estada em Brasília – R$120,00
Cinema – R$25,00
Táxi de ida para a prova – R$20,00
Táxi para o aeroporto – R$50,00
Vôo da TAM para São Paulo – R$400,00
Volta de carro para Paulinópolis – R$50,00
TOTAL – R$1300,00
Vê-se que a Letícia viajou com total conforto, o que não custou nada barato.
Pacote de segunda classePaulo já não pode contar com uma família abastada como a de Letícia, mas que também não deixa de ajudá-lo em sua luta pelo tão sonhado cargo público. Por isso, ele precisou fazer um pouco de economia nessa viagem. Vejamos sua planilha de gastos:
Ida de ônibus para São Paulo – R$25,00
Vôo da GOL para Brasília – R$305,00
Táxi para o hotel – R$40,00
Diária do hotel (três estrelas) – R$110,00
Alimentação durante a estada em Brasília – R$140,00
Rachar táxi na ida para a prova – R$5,00
Rachar táxi para o aeroporto – R$25,00
Vôo da GOL para São Paulo – R$320,00
Volta de ônibus para Paulinópolis – R$25,00
TOTAL – R$995,00
Opa, abrindo mão de um pouco de conforto Paulo conseguiu fazer a prova gastando bem menos que Letícia. Para isso ele precisou somente pesquisar os preços de passagens aéreas e da diária de hotel, não comer em locais tão caros, não ir ao cinema, rachar com outros concurseiros alguns táxis e ir/voltar para sua cidade de ônibus ao invés de carro.
Pacote econômicoViviana anda com a grana curta. Ela parou de trabalhar para se dedicar totalmente aos estudos e a poupança que tem está acabando, mas ela pode contar com algum apoio financeiro dos pais, que acreditam em sua inteligência e capacidade para ser aprovada em um bom concurso público. Vejamos sua planilha de gastos:
Ônibus de Paulinópolis à Brasília – R$125,00
Circular da rodoviária ao hotel – R$2,00
Diária promocional do hotel (três estrelas) – R$100,00
Alimentação durante a estada em Brasília – R$100,00
Circular para o local de prova – R$2,00
Circular para a rodoviária – R$4,00
Ônibus de Brasília à Paulinópolis – R$135,00
TOTAL – 468,00
Após uma pesquisa de preços, Viviana descobriu que seria muito mais barato ir e voltar de Brasília de ônibus interestadual, que liga sua cidade à capital federal. Além disso, dispensou os táxis e usou o sistema de transporte público. Ao descobrir uma promoção de final de semana no mesmo hotel em que ficou Paulo (aquele três estrelas), pode se hospedar nele ganhando um bom desconto na diária. O inconveniente da longa de ônibus (quinze horas) e de ter de esperar os circulares brasilianos compensou a redução significativa no gasto de viagem.
Pacote “pires na mão”Marcos, ao contrário dos seus colegas concurseiros, não pode contar com a ajuda da família para bancar os custos de viagem para prestar concursos. Ele trabalha e estuda a noite, tendo de bancar a viagem do seu próprio bolso, portanto quanto menos gastar, melhor. Vejamos sua planilha de gastos:
Ônibus de Paulinópolis à Brasília – R$125,00
Circular da rodoviária ao hotel – R$2,00
Diária da pensão – R$35,00
Alimentação durante a estada em Brasília – R$70,00
Circular para o local de prova – R$2,00
Circular para a rodoviária – R$4,00
Ônibus de Brasília à Paulinópolis – R$135,00
TOTAL – 373,00
Ao optar por ficar em uma pensão (bem mais simples e barata que um hotel) e apertar um pouco na alimentação, Marcos conseguiu fazer uma boa economia e reduzir os gastos de viagem ao mínimo. Não teve muito conforto, mas ficou em um local limpo e bem cuidado, fez a prova como todos os outros concurseiros e não apertou tanto seu orçamento.
Como vocês podem constatar, pessoas que moram na mesma cidade tiveram diferentes gastos para fazer a mesma prova no mesmo lugar. A diferença entre o pacote de primeira classe e o pacote “pires na mão” é de absurdos R$927,00! Toda essa economia foi conseguida dispensando-se o luxo e apelando para a paciência para fazer uma viagem mais lenta.
Enquanto eu não for empossado em um cargo público, optarei pelo pacote econômico. Depois que isso acontecer, optarei pelo pacote de segunda classe, pois então terei condições financeiras para bancar um pouco mais de conforto. Mas não me incomoda nem um pouco trocar as viagens de avião pelas de ônibus, pois penso que faz parte do sacrifício em nome de um futuro melhor e mais tranqüilo.
Notem que nesses exemplos os custos são reais. Basta que você altere os valores das passagens de avião/ônibus segundo os valores da sua cidade para Brasília, para ter uma boa idéia dos gastos que terá para fazer provas de concurso na capital federal.
Resumo da ópera – Prestar concursos públicos é caro. O material de estudo é caro, as inscrições são caras, as viagens para fazer prova são mais caras ainda. Mas se o concurseiro pesquisar com cuidado os custos e procurar alternativas mais em conta, poderá fazer as provas por uma fração dos custos de quem não pesquisa e/ou não se preocupa com os gastos. Além disso, é claro que vale a pena abrir mão de um pouco de conforto agora se isso poderá significar aprovação e posse em um bom cargo público. O que não se pode fazer, a não ser em casos extremos e de solução impossível, é se inscrever para um concurso, estudar para esse concurso e no final não ir fazer prova.
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