Pelo amor de deus, deixem-me entrar!

Ontem, em um telejornal, assisti a uma reportagem sobre um concurso que teve não sei onde no interior de São Paulo, em que vários candidatos alegavam que a organizadora havia enviado errado o local de prova e que, por isso, até descobrirem o local certo onde deveriam se apresentar, chegaram em cima da hora e foram impedidos de entrar.

É batata de acontecer em concurso público o tal do “cheguei em cima da hora e fui impedido de entrar para fazer a prova”. Sempre há um punhado de inscritos junto dos portões choramingando desculpas ou amaldiçoando os fiscais por ficarem de fora do certame. Vejo a situação assim, o edital é publicado pelo menos 45 dias antes do concurso e lá já está indicado o horário de fechamento dos portões. Os locais de prova são divulgados com no mínimo 3 dias de antecedência. Portanto, há tempo suficiente para os candidatos programarem sua ida aonde deverão prestar provas e poucas são as justificativas justas para chegar em cima da hora.

Pessoalmente acho que há somente três motivos que justificam essa chegada em cima da hora.

Motivo 1 – Passar mal pouco antes de sair para fazer prova (dor de estômago, problemas intestinais, convulsão, ferimentos acidentais diversos, ...).

Motivo 2 – Acidente de trânsito no caminho para o local de prova (de forma que tenha de ficar parado no trânsito sem ter como usar uma rota alternativa).

Motivo 3 – Problemas mecânicos/elétricos no transporte usado para ir para o local de prova (o carro, moto, ônibus ou bicicleta simplesmente quebra e então é preciso conseguir outro meio de transporte).

Todos os outros motivos apresentados por quem chega em cima da hora ou atrasado em locais de concurso não são, ao meu ver, aceitáveis.

Gente, o que custa se programar para chegar com uma hora de antecedência ao local de prova? Nada, absolutamente nada. O máximo que pode acontecer é de você não enfrentar nenhum contratempo e ter de esperar um pouco diante dos portões antes de poder entrar, só isso. Agora, se algo acontecer, essa hora de antecedência geralmente é suficiente para absorver o problema e permitir que você chegue a tempo de entrar no local de prova sem correria.

Quando se vai fazer prova em cidades que não se conhece, deve-se chegar com no mínimo um dia de antecedência, visitar o local de prova nesse dia anterior, ter certeza de quem se sabe quais ônibus chegam ao lugar, se se sabe o caminho para o caso de ir de carro ou ter o telefone de várias companhias de radiotaxi no bolso. Nas duas vezes que fui fazer prova em Brasília, quando estava no elevador para o lobby do hotel para já pegar o taxi para o local de prova, tinha candidato voltando do restaurante após ter tomado o café da manhã de bermuda e chinelo!

Se a prova é na cidade onde você já mora ou conhece bem, pior ainda. É comum de muitos candidatos ficarem tranqüilos demais na certeza de que sabem como chegar ao local de prova com os olhos fechados e calcular um tempo de percurso pra lá de otimista. Só que acidentes e contratempos acontecem e ferram esses candidatos. Conheço gente que nasceu em São Paulo, morou lá a vida toda, conhece a cidade como a palma da mão, e chegou em cima da hora em local de prova simplesmente porque alguém deixou cair a bolsa na linha do Metrô e esse ficou parado dez minutos para que retirassem o objeto.

Muita gente argumentar que se a banca errar na divulgação dos locais de provas, isso justifica a chegada em cima da hora, afinal de contas, o cara vai para um lugar e somente chegando lá descobre que tem de fazer prova em outro lugar. Não acho que seja. Se o cara chegar com uma hora de antecedência ao local indicado e então verificar que seu nome não está na lista de candidatos que farão prova naquele lugar, na maioria dos casos terá tempo suficiente para descobrir o local correto de prova e ir para lá.

Resumo da ópera – Chegue SEMPRE com uma hora de antecedência ao local de prova. Não dê chance ao azar. Melhor ficar uma hora esperando tranquilamente a abertura dos portões, do que ficar junto dos candidatos que chegaram em cima da hora, foram impedidos de entrar no local de prova e então choram, imploram e esbravejam diante dos portões fechados alegando que forma injustiçados.

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