Sou um tagarela, confesso. Gosto de falar com outras pessoas, m/e faz bem. Falo quando estou feliz, quando estou triste, na fila do banco, fazendo compras no supermercado, até em velório dou um jeito de bater-papo. Amigos dizem que falo ainda mais quando estou nervoso e só posso acreditar.
Desde a época do vestibular estranhei como quem tem o mesmo objetivo se evita, como se conversar com outros candidatos fosse uma forma de “entregar o ouro ao bandido”, dando ao concorrente alguma vantagem competitiva extraordinária. Eu nunca acreditei nisso. Muito pelo contrário, sempre acreditei que conversar com o máximo de concorrentes possível é, isso sim, uma ferramenta estratégica incrível que a maioria desconhece, porque o que vale ouro é a informação.
(In)Felizmente isso também acontece no universo concursídico.
Por exemplo, no ultimo domingo prestei a prova prática de digitação para o cargo de escrevente do TJSP. Foram 180 candidatos convocados para prestar essa prova na circunscrição em que me inscrevi, divididos em turmas de 20 candidatos agendados para diferentes horários. Desde o momento em que cheguei ao local de prova até cinco segundos antes do seu início, puxei conversa com outros candidatos. A maioria estava tensa, nervosa, “com os nervos a flor da pele”, e após um receio inicial rolava um bom papo sobre aquele concurso, outros concursos e também assuntos banais. O mais interessante é como alguns candidatos se recusavam até a olhar diretamente para seus colegas de prova, quanto mais falar alguma coisa.
Vejamos o que ganhei tagarelando antes dessa prova:
1 – Descobri que apesar de ser um concurso para trabalhar numa cidade do interior paulista, pelo menos na minha turma havia vários candidatos de outros estados e também paulistas de cidades distantes. Além disso, apesar de ser um concurso para nível secundário, a maioria das pessoas tinha grau universitário. Essas pequenas informações são preciosas por comprovarem que a concorrência, mesmo em um concurso de menor vulto e nível secundário, não deve ser desprezada, pois não é formada única e exclusivamente por candidatos locais com nível de instrução médio, mas por concurseiros de longe com instrução mais elevada e que, com toda certeza, não estariam ali se não tivessem estudando muito sério.
2 – Descobri que vários candidatos já haviam prestado aquela prova em um dos dois concursos para o mesmo cargo que haviam sido realizados meses antes, ou seja, não eram concurseiros de primeira viagem, mas também não forma bem o suficiente para serem aprovados antes.
3 – Descobri que quase todos os candidatos com quem conversei estão prestando outros concursos melhores, ou seja, estão usando o método da escada, se forem empossados naquele cargo vão ficar somente até serem nomeados para cargos melhores.
Gente, isso é conhecer o perfil da concorrência, é estratégia pura. Ela é valiosa porque dá a real dimensão da guerra dos concursos públicos, da qualidade da concorrência, do quanto e como você terá de se preparar para se sair vitorioso.
Acho muito engraçado aqueles concurseiros que antes da prova fazem cara de poucos amigos, ficam num canto com expressão soturna, como costuma dizer amigo concurseiro, “fazendo cara de ninja”. Até parece que isso traz alguma vantagem competitiva. Eu não acredito que traga. Acho que só deixa o concurseiro ainda mais tenso, o quê, com toda certeza, refletirá na hora da prova.
Além do lado estratégico, bater papo com outros candidatos antes da prova trás ganhos adicionais muito interessantes. Vejamos.
Diminui a tensão – Todo mundo chega ao local de prova tenso. Isso é fato. Bater-papo com outros candidatos que você nunca viu na vida ajuda a combater essa tensão. Conversar distrai, relaxa, e além disso você passa a ver os outros candidatos como realmente são, gente como você, não gente superdotada que sabe tudo e vai gabaritar a prova com o mínimo esforço.
Torna o ambiente menos hostil – Se você passa a ver seus colegas de prova como gente normal, isso torna o ambiente menos hostil. Podem fazer o teste. Geralmente ficamos um bom tempo na sala de prova aguardando a entrega dos cadernos de questões. Nesse meio tempo, conversar com que está ao seu redor torna o ambiente mais leve, menos opressivo. Agora, se todo mundo fica mudo, olhando uns para os outros disfarçadamente, o ambiente fica pesado e isso influi no desempenho de todos os candidatos que estão lá.
Permite formar uma rede de informações – Sempre troco email com gente que conheço quando vou fazer concursos. Tenho amigos que conheci assim. Isso vale mais que ouro. É assim que tenho acesso a ótimos materiais de estudo, fico sabendo de dicas de estudo muito boas, que me motivo sabendo que gente que conheço foi aprovada e está sendo empossada. Além disso, no futuro próximo conhecerei gente trabalhando em diversos órgãos públicos, o que por si só, é algo muito bom.
Resumo da ópera – Deixe a timidez de lado nos dias de prova e tagarele um pouco. Puxe conversa com outros candidatos antes e depois de entrar na sala de prova. Conversei sobre o tempo, sobre técnicas de estudo, sobre de onde cada um é, sobre o quanto cada um se preparou. Intercale assuntos concurseiros com assuntos banais. Colha informações estratégicas enquanto relaxa, se distrai e conhece gente legal. Você só tem a ganhar com isso, garanto por experiência própria.
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