No final de semana passado prestei provas do concurso do MPOG em São Paulo, nas tardes de sábado e domingo. Em ambos os dias, como bom concurseiro que não dá margem para o azar, cheguei ao local de prova com uma hora de antecedência, uma grande escola pública de ensino fundamental perto da estação São Judas do metrô. Enquanto relia um resumo ou outro de matéria, prestava atenção nos concurseiros ao meu redor e pude observar coisas muito interessantes.
É engraçado como em locais de prova há uma profusão de candidatos que não se constrangem em ficar se vangloriando para gente que nunca viu na vida, dizendo alto e orgulhoso pérolas como:
- “Comprei os melhores livros que existem para todas as matérias. Custou uma fortuna. Todos os livros são grossões assim (fazem um sinal indicativo com as mãos como se os livros fossem mais volumosos que um dicionário completo)”.- “Venho estudando vinte horas todos os dias faz seis meses. E não fico fazendo intervalos como muita gente faz, não. Paro somente dez minutos no meio do dia para almoçar e ir ao banheiro”.- “Estou tranqüila para fazer essa prova. Sei toda a matéria de trás para frente. A prova poderia ser em russo que eu acertaria tudo. Já estou até vendo lugar para morar em Brasília, pois nesse concurso eu já passei”.Essas são somente algumas das pérolas que ouvi. Sim, ouvi coisas exatamente nesses termos, ditas com uma segurança de político corrupto de carreira fazendo discurso em comício de campanha eleitoral assegurando de que é mais honesto e limpo que monge budista.
Sinceramente, não consigo acreditar que tem gente que acredita em papos furados assim e se desespera achando que está pior preparado. O problema é que isso acontece e com grande freqüência. E não acontece somente com gente mais nova, sem experiência de vida, mas também com gente mais velha, que, tecnicamente, deveria saber distinguir “papo furado” de conversa séria.
Eu ainda não freqüentei um cursinho para concursos públicos, mas conheço muita gente que freqüente, e sempre ouço histórias, comentários e reclamações de gente nos cursinhos que fica repetindo dia após dia a mesma conversa fiada do tipo “sou melhor que você, estudo com material melhor que você, vou ser empossado antes de você”.
Perguntei tempo atrás para um amigo que está fazendo doutorado em psicologia sobre isso e ele disse que pode ser uma tentativa dessas pessoas de se auto-afirmarem, ou de se auto-iludirem, ou apenas de passar uma imagem melhor de si mesmo do que sabe que realmente são. Acho que ele foi muito bonzinho me sua avaliação da questão. Particularmente, acho que quem fica com esse tipo de conversa fiada o faz por um de dois motivos:
- Por achar que intimidando outros concorrentes terá mais chances de sucesso.
- Para tentar esconder o fato de que não estuda nada, de que não sabe nada e de que não tem chance nenhuma em concurso público algum.
É como aquela velha história das competições esportivas em que maus esportistas que estão mal classificados não se constrangem em atrapalhar os esportistas com melhor preparo e mais garra que estão brigando pela vitória. Esses maus esportistas sabem que vão perder, mas de alguma forma sentem satisfação só pelo fato de atrasarem e atrapalharem àqueles que têm chances de ganhar.
Resumo da ópera – Não preste atenção na conversa de quem fala demais por não ter nada a dizer. Se você é um concurseiro sério, deve saber que não existem fórmulas mágicas para passar em concursos públicos além de muitas HBCE (horas de bunda na cadeira estudando), que pilhas de livros não lidos são somente papel e dinheiro gasto à toa, que ninguém estuda vinte horas por dia e que quem realmente está se preparando seriamente para ser aprovado em concursos públicos não perde tempo jogando conversa fiada para intimidar outros candidatos.
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