Agora é exatamente 13:48 de uma bela tarde ensolarada de quinta-feira e estou numa biblioteca de faculdade de direito. Estou numa mesa de canto. Levanto meus olhos e vejo um amplo salão todo branco, com três dezenas de mesas redondas brancas com quatro cadeiras de madeira marrom ao redor. Além de mim apenas outros dois coitados estão nesse lugar, cada um com um monte de livros diante de si. Olho pela janela ao meu lado e vejo o céu profundamente azul onde nuvens brancas passeiam lentamente.
É, meus amigos concurseiros, essa vida de estudar para concursos públicos não é mesmo fácil. Tudo bem, todos já sabemos disso, não é nenhuma novidade, mas vocês não têm de vez em quando a impressão de que tudo é muito mais difícil, duro e cansativo? Eu tenho.
Estamos às vésperas de um feriadão e desde o começo da semana o que mais ouço ao meu redor são planos para a folga prolonga. Muitos viajarão e outros tantos querem apenas descansar, fazer um churrasco com a família e com os amigos, assistir TV meio que dormitando diante da televisão. Para mim tudo isso é negado, está inacessível. Sinto-me como uma criança de desenho animado que a mãe coloca o pote de biscoitos numa prateleira alto para que ela não o possa alcançar.
Hoje estudarei aqui o dia todo, assim como amanhã, e também no sábado (graças a Deus essa biblioteca ficará aberta até às 18 horas de sábado por conta de que após o feriado é semana de provas nessa faculdade). Domingo estudarei fechado em meu quarto de estudos, e segunda-feira também. Terça-feira voltarei para cá, e quarta, e quinta … minha vida tem sido assim desde que comecei a estudar para concursos e continuará sendo até que eu seja empossado em um bom cargo público.
Claro que passa pela minha cabeça a inevitável pergunta “até quando?”. Anormal seria dessa pergunta não passar pela cabeça de qualquer concurseiro sério. Um pouco dessa inquietação com a demora da posse tem a ver como o mundo em que vivemos. Apenas algumas décadas atrás tudo demorava mais, o muito girava mais devagar, e as pessoas estavam acostumadas a demorar anos para conseguir qualquer coisa. Cartas demoravam semanas para chegar. Viagens curtas demoravam dias. A feira livre acontecia uma vez por semana. O mais novo filme de Hollywood demorava meses, até anos para chegar ao Brasil. Hoje não, vivemos a época do imediato, do agora.
Cansaço acompanhado de desânimo. Senti isso umas três vezes hoje. Também é normal sentir isso e anormal seria não sentir. Dou-me um minuto para me sentir assim, então chacoalho a cabeça, espreguiço os músculos e espanto esse sentimento pensando em como tudo será muito melhor após a posse. É exatamente isso que fazem os soldados em uma guerra, eles pensam no que vão fazer quando voltarem para casa, é isso que os mantém vivos.
Concurseiros têm uma mania horrível de acharem que devem ser super-heróis … já escrevi sobre isso aqui … só que não somos super-heróis, estamos longe disso. Somos gente comum e sofremos por estamos alijados dos prazeres da carne. Claro que eu queria hoje estar animado com a viagem para a praia no feriadão. Não viajarei, ao invés disso estarei mergulhado nos estudos, nos livros, nos resumos. Mas tudo bem, estou fazendo isso para que daqui a pouco possa desfrutar feriados prolongados não nas deprimentes praias do litoral paulista, mas em praias do Caribe e do Pacífico. Se dá para fazer isso com a remuneração de servidor público? Sendo controlado e planejando com cuidado, claro que dá. Um amigo que foi empossado no começo do ano para um cargo de nível médio federal está fazendo isso. Ele embarcará com a noiva amanhã a noite para as Bahamas e voltará na segunda a noite.
Resumo da ópera – O que vocês preferem … passar esse feriadão na praia da Caximbinha ou passar um feriadão no futuro próximo nas Bahamas? Pessoalmente penso assim … FODA-SE a praia da Caximbinha!
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