Desde que comecei a estudar para concursos no final de abril do ano passado (2007) já prestei oito provas de concursos públicos. Devo confessar que, de longe, as provas do concurso da CGU desse final de semana foram as piores de todas que já fiz, um verdadeiro circo dos horrores.
1ª prova A primeira prova desse concurso foi aplicada na tarde de sábado. Tinha ficado satisfeito com o fato do meu local de prova ser uma escola a um quarteirão do metrô Ana Rosa (São Paulo), o que facilitaria muito o deslocamento. Só que ao chegar na sala de aula que me foi designada, descubro que era uma sala de primário com aquelas carteiras para crianças de, no máximo, um metro e meio de altura. Putz, eu tenho 1,82, logo ficar sentado nessas carteiras por longas cinco horas de prova é uma verdadeira tortura. Pelo menos a sala era arejada, bem iluminada e não batia sol na parte da tarde.
Então vem a prova. Português, inglês, conhecimentos gerais, raciocínio lógico e matemático e administração pública, além da redação. “Êpa, essa prova está fácil demais”disse para mim mesmo logo após a primeira lida. Pensei até que estava ficando louco. Só que era verdade, a prova estava ridiculamente fácil. Tinha estudado administração pública preocupado em como a banca poderia puxar naquela matéria, mas fizeram o contrário, perguntaram somente superficialidades. Constatei que preciso revisar seriamente matemática, pois não me lembrava como resolver as questões de matriz/determinante, probabilidade e outra que não me lembro agora do que era. A redação, pelo contrário, não era um passeio no parque, de jeito nenhum. Deram um tema abrangente “gestão de pessoas por competências” e apontaram uma série interconexões que deveriam ser usadas na redação. Resultado, gastei metade das cinco horas de prova para conseguir fechar a redação em 80 linhas (o mínimo eram 60 linhas e o máximo 100 linhas) e não fiquei muito satisfeito com o resultado.
Detalhe, os candidatos só poderiam anotar as respostas que marcaram quando faltassem 30 minutos para o final do tempo de prova. Os examinadores entregaram um papelzinho para anotarmos e o caderno de questões deveria ser entregue juntamente com a folha de respostas.
À noite entrei em alguns forums sobre o concurso e constatei que muita gente concordava que a prova tinha sido muito fácil. Isso seria um problema, já que as notas seriam muito altas e cada erro seria um grande problema.
2ª prova A segunda prova foi no domingo de manhã. Apenas três horas de prova para as matérias de direito constitucional, direito administrativo, administração financeira e orçamentária (AFO) e técnicas de controle. O que mais me preocupava antes da prova eram as malditas técnicas de controle (auditoria), que estudei pouco. Só que a prova inteira foi horrível, um misto de questões longuíssimas, questões fáceis, questões sobre minúcias e notas de rodapé. Foi uma prova cansativa de fazer e por conta do pouco tempo disponível, a pressão se tornou ainda maior. Usei praticamente todo o tempo disponível e saí com a mente cansada.
3ª prova A terceira prova foi na tarde de domingo (isso mesmo, esse concurso foi uma maratona concurseira), cobrando ciência política, relações internacionais e teoria da comunicação (cargo na Prevenção da Corrupção).
Antes de começar a prova conversei com os colegas concurseiros que estavam na mesma sala. Todos tinham a mesma opinião de que a prova do sábado tinha sido ridiculamente fácil e que a prova daquela manhã tinha sido chata de fazer, extensa e pouco inteligente, além de muito cansativa. E os prognósticos gerais para a prova da tarde não eram os melhores.
E começamos a fazer a prova. Gente, depois da primeira lida tive a certeza de que tudo o que tinha estudado das matérias (o que não foi pouco) cobria apenas metade do que estava sendo cobrado. Desespero. Então respirei fundo para acalmar.
Já no edital os tópicos relativos a essas matérias eram por demais abertos, abrangentes, e para piorar não havia sugestão de bibliografia. Só que a ESAF resolveu perguntar sobre peculiaridades de teorias menos conhecidas, exigir que os candidatos identificassem jornalistas dos quais nunca tinha ouvido ouvi falar pelo estilo de escrita, questionar sobre exceções de leis internacionais. Ou seja, a prova foi uma carnificina.
Como não gosto muito de ficar ruminando sobre questões que não tenho uma idéia clara da resposta correta, preferi não enrolar demais. Faltando uma hora e vinte para terminar o tempo de prova, entreguei minha folha de respostas e caderno de questões e fui embora (metade da sala já havia indo embora antes de mim). Antes tive um trabalhão para criar um código e anotar escondido para anotar na borracha as respostas que marquei, mas no final deu certo.
Resumo da ópera – Essas foram, até agora, as piores provas de concurso público que já tive a oportunidade de fazer. A ESAF, definitivamente, não fez um bom trabalho. Não houve homogeneidade de dificuldade nas provas, não foi primada à inteligência das questões. Sinceramente, esperava algo muito diferente da ESAF nesse concurso e fiquei decepcionado pela banca ter aberto mão de seu conhecido padrão de qualidade. Nesse concurso a maior reprovada foi a própria ESAF. Nota zero.
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