Dias atrás foi postado o seguinte comentário no shoutbox do blog, em resposta a um pedido de indicação de material de estudo para o concurso do TRT-SP (Campinas):
“eu em indicar um livro bom para vc ai vc é meu concorrente. se tivesse que indicar indicaria um livro bem ruim para vc meu concorrente ..sai fora”Essa resposta mostra, claramente, um grande preconceito e também erro estratégico de muitos concurseiros, além de uma séria falha no entendimento de um ponto essencial do que é ser servidor público. Usando, como sempre, o exemplo de nosso amigo Jack, o Estripador, vamos por partes.
“Se você é meu concorrente, não te indico nenhum bom material de estudo” – É interessante como esse tipo de pensamento é entranhado em nossa mente desde tenra idade, tanto que se torna um preconceito. Concordo que quando a disputa é entre um grupo pequeno de pessoas, não compartilhar informações quanto ao material de estudo que se está usando é bastante eficiente no sentido de ganhar alguma vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Agora, quando o grupo tem centenas de milhares de candidatos, essa vantagem competitiva dissolve e vira nada.
Além da quantidade de candidatos em concursos públicos que dissolve a vantagem competitiva do segredo em relação ao material de estudo que se usa, temos também de considerar a questão da Internet. Vocês acham que algum material de ótima qualidade vai ficar em segredo? Duvido.
Agora, o que realmente importa nessa questão é o lado estratégico. Vocês já ouviram aquele ditado popular que diz que “uma mão lava a outra”? Então, se você é um chato que não compartilha seu conhecimento sobre estudar para concursos públicos (material de estudo, estratégias, técnicas, ...), você também não receberá informações de outros concurseiros.
Vou dar um exemplo muitíssimo prático e fresquinho do que digo. Semana passada postei uns dois artigos relatando a dificuldade que estava tendo no estudo da matéria de Direito Tributário para o concurso do Ministério da Fazenda. Tava osso, gente, pegava um autor e penava. Pegava outro autor e continuava penando. Então o que aconteceu? Uma leitora do blog me deu uma dica que vale ouro puro, o verdadeiro caminho das pedras, ela indicou o melhor autor para começar a estudar a matéria ... e deu certo, acabei de estudar ontem o livro do cara e agora tenho 1.000% mais facilidade para entender a matéria do que tinha antes. E por que essa concurseira me indicou tal livro? Com certeza em retribuição ao que compartilho com todos vocês através desse blog. Agora, se eu fosse um chato que não compartilhasse informações sobre concursos públicos com ninguém, com toda certeza estaria penando com Direito Tributário até agora e por muito tempo ainda.
“Se você é meu concorrente e tivesse que te indicar um livro, te indicaria um bem ruim” – Vocês sabem como surgiu o termo sabotagem? Seguinte, no início da Revolução Industrial na Europa, no século XIX, as máquinas à vapor passaram a substituir contingentes de trabalhadores braçais analfabetos que não sabiam fazer outra coisa e que não tinham outra fonte de sustento. Os caras começaram então a fazer greves. Durante essas greves, alguns deles, os que culpavam as máquinas pela perda dos empregos, resolviam quebrar essas máquinas e faziam isso atirando seus sapatos de madeira, chamados de sabot, no meio das engrenagens, provocando a quebra das danadas. Então, de sabot (sapato) veio o termo sabotagem, que signfica causar dano propositado e criminoso, minar clandestinamente, solapar sorrateiramente.
Sinceramente, desprezo concurseiros que usam da sabotagem contra outras concurseiros achando que com isso estão ganhando alguma vantagem competitiva nos concursos públicos que prestam. E não duvidem, meus amigos, esses concurseiros sabotadores são muitos e todos os dias lançam notícias falsas, rumores maldosos, questões com gabarito errado, resumos incorretos, indicam material de estudo de baixa qualidade e por aí vai.
Quem acredita que fazendo isso está sendo esperto e saindo na frente dos concorrentes está muito enganado, por que não está ganhando vantagem alguma. No mínimo está perdendo seu tempo e acreditando numa vantagem que não existe, o que lhe dará um conforto falso e levará a derrotas repetidas na guerra dos concursos públicos. No máximo está arriscando descobrir da pior forma possível se a famosa “lei do retorno” realmente existe e rege nossas vidas.
Resumo da ópera – Estamos todos no mesmo barco salva-vidas em meio a grande tempestade que é conseguir um bom emprego com remuneração justa e estabilidade. Se não remarmos todos solidariamente, nunca sairemos do lugar. Por isso, compartilhe, sim, seu conhecimento sobre material, técnicas e estratégias de estudo, você só tem a ganhar com isso, pois também compartilharão conhecimentos com você. Se já foi dito que “nenhum homem é uma ilha”, digo agora que “nenhum concurseiro é uma ilha”.
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