Você já parou para se perguntar por que em praticamente todo concurso público sempre é chamado um número de candidatos aprovados muito maior que o número de vagas oferecidas? Digo, se há uma centena de vagas (considerando acréscimos posteriores no número de vagas apresentado no edital), muitas vezes são chamados candidatos aprovados até a 200ª ou até 300ª posição.
Certo, porque muita gente não assume a vaga. Mas por que motivos alguém faria um loucura dessas?c
Acredite ou não, o maior motivo de desistência é a conclusão por parte dos candidatos de que não é bem aquilo que eles queriam. Isso mesmo. As pessoas estudam muito, prestam provas, vão muito bem, são aprovadas e no final não assumem porque não era bem aquilo que elas queriam.
Não fique indignado com isso, pensando “eu não seria idiota assim”. Talvez você tenha escapado por pouco de desistir de assumir uma vaga em cargo público. Loucura? Não, infelizmente, não.
O filho de uma amiga da minha mãe vem estudando faz um bom tempo para concursos públicos. O cara tem somente segundo grau, está bem perto dos 40, tem esposa e filho pequeno. Cansado de ganhar pouco e trabalhar muito na iniciativa privada, resolveu prestar concursos. Essa semana ele recebeu a notícia que tanto esperava, havia sido aprovado em um concurso para carcereiro e tem até sexta-feira para levar os documentos necessários e fazer os exames médicos para ser empossado já semana que vem. Ontem à noite a mãe dele ligou para minha mãe, desesperada porque o cara está em dúvida se deve assumir o cargo. Apesar de ter sido designado para trabalhar em uma delegacia no interior, ele e a esposa estavam temerosos de todo esse negócio de violência nas cadeias, crime organizado, traficantes que ameaçam a família de funcionários das cadeias e prisões para obter regalias, drogas e celulares.
Há outro caso parecido que aconteceu no final do ano passado. Uma amiga formada em direito e que já estava na guerra dos concursos públicos há pouco mais de dois anos, finalmente passou em um concurso público para ser procuradora de um município do norte de Minas, bem perto da fronteira com a Bahia e Goiás. O salário era ótimo e o trabalho era exatamente o que ela queria. O problema é que a menina estava noiva e o noivo tinha trabalho fixo em São Paulo. Durante duas semanas ela não comeu ou dormiu direito por não saber o que fazer. Assumir o cargo e colocar em risco o noivado ou desistir do cargo pelo qual lutou tanto e continuar na guerra? Finalmente ela resolveu não assumir o cargo. O pior é que no final do mês passado desfizeram o noivado por outros motivos. No final ela ficou sem o cargo e sem o noivo.
Quero dizer com tudo isso que todo concurseiro deve pensar muito bem antes de fazer a inscrição para um concurso. Deve analisar com cuidado se é aquele tipo de trabalho que quer fazer e se está mesmo disposto a mudar para a cidade X ou Y. Não adianta nada ir se inscrevendo para um punhado de concursos de olho somente para o salário oferecido, sem considerar todos os outros fatores, para depois de muita luta, de muito sangue, suor e estudo, acabar não assumindo a vaga ou mesmo pedindo exoneração pouco tempo depois de assumir, porque deixou para trás coisas importantes demais para serem deixadas para trás, porque não se adaptou ao trabalho ou à cidade.
Dizem que quando se fala em concursos para trabalhar em Brasília, o número de desistências antes e logo após a posse é algo absurdamente elevado. Eu acredito que seja mesmo. Muita gente, simplesmente, não está preparada para o tranco que é mudar para uma cidade completamente diferente (porque Brasília parece estar em outro país, lá tudo é muito diferente das cidades comuns) para viver sozinho, ter de se virar por conta própria, fazer novas amizades, adaptar-se ao clima, ao modo de vida, ao trabalho.
Resumo da ópera – Tem um ditado que diz “cuidado com o que deseja, você pode ser atendido”. Essa é uma das grandes verdades da vida. Pior que nunca encontrar a lâmpada com o gênio que concede desejos, é encontrá-la, fazer o pedido, tê-lo concedido e, só então, descobrir que não era bem aquilo que queria. Então, pense com muito cuidado no que você quer para sua vida antes de decidir quais concursos públicos prestar, porque deve ser muito frustrante estudar, se aprovado e no final desistir da vaga.
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