É engraçado como algumas pessoas conseguem ser muito mais organizadas que outras. Dizem que tem a ver com personalidade, com criação, com educação, mas acredito que seja algo mais complexo.
Vejam o meu caso e da minha irmã. Ela também estava estudando para concursos públicos, mas já foi nomeada faz alguns meses. Ela sempre foi muito mais bem organizada em termos de estudo que eu. Digo organização material. Ela bolou todo um esquema de cores para visualizar o que deveria estudar com mais atenção, o que podia ser questão de prova, o que teria pouca possibilidade de ser cobrado e assim vai. Todos os seus livros, anotações, resumos, apostilas estão lindamente demarcados por cores diversas. Para isso ela sempre contou com um polpudo estojo com um sem número de canetinhas, canetas e clipes coloridos.
Eu, por outro lado, apensar das diversas tentativas, todas devidamente assistidas por minha irmã, nunca consegui me adaptar a esse tipo de organização cromo visual, para usar palavras difíceis. Nos primeiros dias até que conseguia manter a disciplina de codificar tudo com cores, depois começava a codificar errado, a deixar de codificar e então, em menos de uma semana, voltava à minha boa e velha lapiseira Pentel 0,7mm. Um dia desisti de tentar novamente, convencido que tal esquema de organização não tem nada a ver comigo.
Muita gente fica encucada se não ter esse tipo de organização de cores ou disciplina para usá-la pode atrapalhar nos estudos, deixá-las em desvantagem em relação a quem usa. Reconheço que no começo até pensei nisso, mas descobri que não. Minha irmã foi empossada antes de mim porque começou a estudar antes. Em uma comparação relativa, rivalizamos em termos de conhecimento, chances de aprovação e qualidade de estudo.
Hoje acredito que o que atrapalha é, na verdade, ficar insistindo em uma forma de organização de estudo que não tem nada haver com a pessoa. Eu sou um “concurseiro de lapiseira”, não me adaptei ao estilo “concurseiro multicolorido”, logo se ficasse insistindo em usar esse sistema de organização, diminuiria meu ritmo de estudo, de retenção de conhecimento, enfim, estudaria pior. O mesmo acontece com o inverso, de quem está acostumado a estudar usando diversas cores que tente se adaptar a estudar usando apenas uma lapiseira.
O pior é que muitos autores, livros e cursinhos teimam em vender um formato de organização de estudo como se fosse a única correta e comprovadamente garantida para se estudar para concursos públicos da melhor forma possível. Isso não existe, mas muita gente acredita nessa história e se ferra tentando estudar com um método de organização que não foi bolado para sua personalidade, ritmo de estudo, nível de conhecimento.
Sou muito “pé atrás” com esse negócio de fórmulas mágicas e “receitas de bolo” que prometem algo impossível, como ser aprovado em concursos públicos no mínimo de tempo, de investimento e de esforço. Vocês não acham que se isso realmente existisse, quem inventou o método já não o teria patenteado e o estaria vendendo por uma grana no melhor estilo “0300” com propaganda até no Superpop da Luciana Gimenez? É mais ou menos como aqueles livrinhos que prometem métodos infalíveis para se ganhar na Megasena, Lotomania e demais loterias que são vendidos em casas lotéricas, vocês não acham que se tais métodos dessem mesmo certo o autor não teria preferido mantê-lo em segredo e ganhar na Megasena acumuladas algumas vezes e depois viver tranqüilo?
Conselho de amigo, tome muito cuidado para não se forçar a usar um método de organização ou de estudo que não tem nada a ver com você. Não custa tentar, não há dúvidas, mas se depois de alguns dias você notar que não está se adaptando, não force a barra, melhor voltar para seu modo antigo método do que continuar perdendo tempo com algo que não funciona para você.
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