Desde o começo de novembro estou estudando para dois concursos públicos, ambos com provas marcadas para dezembro. Finalmente, estou a apenas uma semana da primeira prova e a duas semanas da segunda prova, e a sensação que sinto é estranha, desconfortável.
É sempre a mesma coisa, quando falta uma semana para qualquer prova de concurso na qual esteja inscrito, vem a tal sensação de que eu poderia ter feito melhor, de que poderia ter estudado mais e com mais qualidade, de que poderia ter memorizado mais pontos importantes, ou seja, uma certa sensação de insegurança que bate forte, bate com vontade.
Nos meus primeiros meses como concurseiro cheguei a pensar que esse tipo de sensação seria uma demonstração de fraqueza, um sinal claro de culpa por não ter estudado como deveria. Isso me incomodava, era aquela pulguinha atrás da minha orelha que sussurrava coisas que minavam minha auto-confiança, minha motivação, minha decisão de fazer meu melhor.
Hoje, concurseiro experiente com um ano e sete meses de luta, já encontrei muitos concurseiros sérios que têm o mesmo tipo de sensação e, com isso, concluí que estava redondamente enganado, que sentir isso nos dias que precedem a prova não tem nada haver com culpa ou remorso, mas que é um sinal claro de responsabilidade e seriedade nos estudos, é a sensação de insegurança ausente de culpa que apenas concurseiros sérios que estudaram com afinco e honestidade têm o privilégio de sentir.
Culpa, essa é a grande diferença. O sentimento de culpa pode ser definido como o mal-estar decorrente de uma responsabilidade intrínseca por ter agido mal ou ter causado algum mal. Logo, uma coisa é o sentimento puro de insegurança, algo saudável e esperado entre quem estuda seriamente, outra coisa completamente diferente é o sentimento impuro de insegurança, aquele misturado com sentimento de culpa, aquele sentido por quem não estudou com seriedade, que sabe que fez errado, sabe que não terá chances reais de competir por uma vaga na carreira pública porque não estudou com a seriedade necessária.
De onde vem esse sentimento puro de insegurança, o sentimento bom? Não tenho a mínima idéia. Andei pesquisando a respeito, e dizem alguns especialistas que vem do fato de que quem faz algo com muita seriedade o faz com perfeccionismo e como para o perfeccionista nunca nada está perfeito, sempre seria possível fazer alguma coisa melhor, então daí nasceria tal sentimento.
Mais fácil foi, no entanto, descobrir que esse sentimento é saudável. É o sentimento de insegurança que nos faz ficarmos alerta e não cometermos erros idiotas, dos quais seríamos vítimas se estivéssemos 100% confiantes e tranqüilos.
Como lido com esse sentimento de insegurança? Hoje lido com ele com tranqüilidade, em paz. É chatinho de sentir, sei disso, mas está lá e temos de lidar com ele da melhor forma possível. Procuro, também, estudar de forma diferenciada, estratégica, de forma a minimizar tal sentimento. Noto que quando na última semana de estudos antes de um prova faço um estudo mais detalhado, mais atento àqueles pontos que considero pegadinhas, o sentimento de insegurança diminui muito.
Resumo da ópera – É, gente, sentimentos assim nos assaltam, queiramos ou não, e cabe a nós entendê-los e lidar com eles da melhor forma possível. Lutar contra são só é inútil como contraproducente. É muito melhor aprendermos a lidar com ele e fazer com que trabalhem a nosso favor. Claro que seria muito melhor que não existissem e que pudéssemos estudar e fazer provas de forma desapaixonada, fria, calculada, mas somos humanos, temos sentimentos e medos, funciona assim com a gente. É aquela velha história, dominamos nossos sentimentos ou deixamos que eles nos dominem. Eu prefiro a primeira opção, pelo menos em se tratando de concursos públicos (risos).
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