Ser solitário é necessário?

“Gente, com o Dia do Namorados chegando eu tenho que perguntar isso: Tirando aqueles que tem namorados/namoradas, como os concurseiros solteiros fazem com sua vida pessoal? Vocês saem muito ou seguram a vontade? Falo isso porque, quando se resolve largar tudo para fazer concurso, entra falta de grana pra sair, os amigos acabam se afastando um pouco por isso e conseqüentemente você fica naquela situação.”

Essa dúvida, que um concurseiro postou na comunidade do Concurseiro Solitário no Orkut, é compartilhada por grande parte dos concurseiros. Afinal de contas, deve-se dar um pause na vida para estudar o tanto que a aprovação em concursos públicos exige? Dá para manter um mínimo de vida social sem que isso atrapalhe os estudos? Viver monasticamente ou não, eis a questão.

Infelizmente essa é uma daquelas questões que não têm uma resposta única, direta e prática. Aqui vale a regra do “cada caso é um caso” onde generalizações podem ser perigosas. Para não misturar as coisas, nesse artigo vou falar da vida sentimental do concurseiro e amanhã falo da vida social.

Estudar para concursos públicos com seriedade não é fácil, todos já sabem disso (ou deveriam saber). Abocanhar uma das belas vagas oferecidas pelo Estado, com seu bom salário, estabilidade, benefícios, bem, só não quer isso quem ganhou na Megasena ou tem família endinheirada e pode contar com uma boa herança. Ainda mais em tempos bicudos que vivemos, com desemprego e baixos salários no setor privado, a carreira pública torna-se ainda mais atraente.

Para quem não pode contar com dinheiro fácil, a receita para ser aprovado em concursos públicos é simples. Basta juntar partes iguais de dedicação e estudo de qualidade, depois é só dar tempo para a mágica acontecer e, voilá, alcançasse a posse. O problema é que essa mistura é extremamente ciumenta, não gosta de dividir a atenção do concurseiro com nada e com ninguém.

Quem é casado e tem filhos tem de dar um jeito de lidar com a situação, não tem outra saída. Os “pais de família” que optam por estudar para conseguir um cargo público geralmente o fazem para dar uma vida melhor para a família, mais segurança e folga financeira, e tudo de bom que isso pode trazer. Então a pessoa tem de fazer seu melhor para conciliar a vida sentimental (com a esposa/marido) e a vida paterna (com os filhos) com a necessidade de estudar com seriedade e qualidade. Só quem está nessa situação sabe como isso é difícil.

O grande problema é para quem ainda está na fase do namoro ou noivado.

Sempre recebo emails de concurseiros reclamando que a namorada/namorado ou noiva/noivo não compreendem que eles/elas têm de estudar muito e que por isso não podem dar muita atenção, têm de estudar dias e noites, inclusive no final de semana.

Por que será que a maioria das namoradas/namorados ou noivas/noivos simplesmente não compreendem que a necessidade de dedicação total por parte do concurseiro é temporária e que depois que terminar com a posse a vida de ambos será muito melhor? A resposta não é nada agradável, geralmente se trata de ciúme e inveja, algo que não se esperaria de namoradas/namorados ou noivas/noivos simplesmente.

Vejo três maneiras de lidar com essa questão:

Maneira monástica – O concurseiro simplesmente decide que antes da posse não pensará em namoro ou algo mais sério. Simplesmente dá um tempo em sua vida sentimental e tem resolvida a questão.

Maneira “ficante” – O concurseiro se limita a ter relacionamentos fugazes e superficiais, mais para não ficar sozinho(a) do que pensando em encontrar uma esposa/marido.

Maneira “espero que não termine” – O concurseiro decide não abrir mão de sua vida sentimental e de relacionamentos sérios, fazendo de tudo ao seu alcance para manter o relacionamento sadio, torcendo para que não termine.

Qual é a melhor dessas maneiras? Depende de você, de como você encara sua vida profissional e sentimental, de como consegue levar as demandas da vida de concurseiro e as de um relacionamento afetivo. Tem gente que optou por uma ou outra das maneiras e está muito tranqüilo com isso. Tem gente que está mudando de opção porque a primeira escolha não foi a melhor.

Para quem opta por não manter relacionamento ou então por relacionamentos superficiais, todo cuidado é pouco para não entrar naquelas dúvidas existenciais do tipo “o que estou fazendo com minha vida” ou “não posso brincar com o coração das pessoas”, o que pode ser fatal para a moral do concurseiro e sua luta pela vitória.

Para quem opta por manter relacionamento estáveis e sério, o apoio da namorada/namorado ou noiva/noivo ao projeto de vida do concurseiro é muito importante. O diálogo é a melhor maneira de chegar a isso. Converse, explique onde você quer chegar e a quantidade de esforço e dedicação necessárias para isso acontecer. Explique que você precisa de apoio e compreensão, mas que depois de alcançar o sucesso a vida de ambos será muito melhor.

Resumo da ópera - Não posso terminar antes de dizer três coisas muito importantes:

- Optar pela opção monástica não quer dizer viver como padres ou freiras, longe de qualquer “tentação da carne”. Na época do “quero beijar muito na boca” só faz isso quem quer. Só tome cuidado para não cair na balada regularmente, o que atrapalha muito os estudos, e, claro, sempre use camisinha.

- Se mesmo após duas ou três conversas francas sua namorada/namorado ou noiva/noivo teima em não compreender e apoiar sua opção por alcançar a vitória na guerra dos concursos públicos, analise seriamente se você quer alguém assim com você o resto da vida ou se não seria melhor se livrar de uma vez da pessoa e se dedicar totalmente aos estudos.

- Depois de empossado em um belo cargo público e um salário gordo na conta bancária todos os meses, você se tornará muito, mas muito atraente mesmo, para o sexo oposto. Quem já foi empossado atesta o que digo. Válido para concurseiros e concurseiras.



A música de hoje tem tudo haver com o assunto do artigo. "Lonely" com o rapper norte-americano Akon. Confira a tradução da letra clicando aqui.

Tweet