Tem coisas no “universo dos concursos públicos” com as quais não consigo me acostumar, que nunca conseguirei engolir. Uma delas é a desorganização das bancas organizadoras de concursos públicos. Fraudes a parte (que já mancharam o currículo de cada uma delas em algum momento), abundam episódios de desorganização que seriam risíveis se não fossem trágicos.
No final de semana passado foi realizado o concurso do Senado Federal, um dos mais esperados do ano, mas que no final foi um fracasso em termos de inscritos (o Senado esperava por volta de meio milhão de inscrições, que no final não chegaram a 43 mil). Eu mesmo não prestei esse concurso, pois por lerdeza perdi a data final de pagamento do boleto. A banca realizadora foi a FGV (Fundação Getúlio Vargas), sem tradição na realização de concursos públicos, e, portanto, uma incógnita, uma preocupação para os candidatos inscritos sobre como ela cobraria as matérias do edital, qual seria seu estilo de prova.
Logo na segunda-feira notícias de desorganização durante as provas começaram a pipocar na Internet. Eram denúncias de fiscais mal preparados permitindo o uso de lápis e lapiseira, que o edital proibia, horários diferentes de entrega dos cadernos de questões, falta de fiscais com detectores de metais nos banheiros, gente fazendo a prova usando relógios digitais e por aí vai. Não bastasse, começaram a surgir denúncias ainda mais graves de que várias questões das provas simplesmente forma copiadas “tim tim por tim tim” de provas de outros concursos!
A FGV é uma fundação respeitada, seu vestibular é famoso pela organização e alto nível. Por que motivo, então, relaxaram tanto na realização desse concurso? Por que tanto descaso? Não consigo entender. A FGV recebeu para isso, não fez de graça, e podem ter certeza de que foram muito, mas muito bem remunerados.
Nunca consegui engolir, desde a época do vestibular, como esse pessoal consegue colocar em provas questões com erros ou errar na divulgação dos gabaritos. Putz, é o trabalho deles! Os caras têm tempo suficiente para fazer um bom trabalho, tecnicamente têm gente capacitada e conhecimento dos procedimentos!
Acho que, no final, tudo isso é uma grande pizza “meio descaso, meio desorganização”. No fundo é aquele velho pensamento de “Se é para uma finalidade pública, não precisa ser bem feito. Vamos fazer de qualquer jeito e deixar de perder tempo, ninguém vai reclamar mesmo”. O que essas bancas organizadoras ainda não entenderam é que com a fama atual dos concursos públicos, mais gente vê suas cagadas e mais gente cobra apurações, trabalho bem feito, responsabilização dos culpados.
Essas bancas precisam até de uma nova designação ... bancas (des)organizadoras.
Concurseiros se matam de estudar, gastam o dinheiro que têm e que não têm para poderem se preparar o suficiente para terem uma chance de aprovação, ficam estressados, enfrentam frustrações e pressões ... tudo isso para no final se verem vítimas da desorganização de bancas (des)organizadoras irresponsáveis que apenas querem “receber o seu” mesmo realizando um trabalho mal feito?!
Resumo da ópera – Se você for vítima dessas bancas (des)organizadoras em algum concurso, nada de ficar calado, muito pelo contrário, bote a boca no trombone e reclame, denuncie, faça barulho. A Internet é o melhor canal para isso, junte sua voz com a de outros concurseiros em fóruns e comunidades do concurso em questão e exija providências, se for preciso se juntar aos outros candidatos em fazer uma denúncia formal ao Ministério Público, então faça. O que não pode acontecer é de deixarmos que essas bancas (des)organizadoras encham os bolsos com nosso rico dinheirinho (sim, nosso dinheiro, pois são remunerados com o dinheiro das inscrições que nós ralamos para pagar), prestem um trabalho porcaria e que tudo fique por isso mesmo!
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A V I S O
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