Correr 2000 km quando é preciso correr apenas a metade
Concursos Públicos

Correr 2000 km quando é preciso correr apenas a metade


Na sexta-feira toquei nos problemas relativos a não ler com cuidado o edital dos concursos que se vai prestar, um problema muito comum entre concurseiros de qualquer tipo, infelizmente. Hoje relatarei um caso contado por um amigo concurseiro e falarei um pouco sobre o mesmo.

Esse amigo está estudando forte para um concurso com prova marcada em fevereiro e para se manter informado sobre o que está rolando entre os candidatos com quem concorrerá a uma das vagas oferecidas, visita diariamente um fórum e uma comunidade do Orkut dedicadas ao concurso. Dias atrás estávamos conversando e ele relatou uma discussão que vinha acompanhando na comunidade do Orkut que ilustra muito bem essa questão do “não ler direito o edital”.

Tal discussão começou com um candidato postando uma pergunta aberta quanto à aplicação de uma lei X ou de uma lei Y no tratamento de determinado assunto. Alguns defendem que é a lei X que vale, outros que é a lei Y, outros ainda que não é nenhuma das duas, mas uma suposta lei Z. E no meio da guerra de argumentos, ninguém sequer notou que tal assunto não está previsto no edital do concurso para ser cobrado em prova.

“Depois de ver essa discussão dei uma olhada geral na comunidade e vi que ela não é a única do gênero. Há várias outras discussões acerca de tópicos que não estão previstos no edital. Tem muita gente estudando muito mais do que é necessário!”.

Realmente, estudar para um concurso matéria que não está prevista no edital e, portanto, não poderá ser cobrada em prova, é uma grande, uma enorme perda de tempo, a não ser, é claro, que para entender uma matéria prevista no edital seja preciso, antes, entender uma matéria não prevista no edital, mas daí estamos falando em exceções. Se de um lado perde-se tempo, esforço e motivação estudando o que não é necessário, por outro lado corre-se o enorme risco de fazer como os concurseiros da discussão relatada por meu amigo, de ficar cheio de dúvidas com tópicos que não deveriam ser objeto de preocupação.

Fazendo uma analogia com uma maratona, seria como se inscrever sem ler o regulamento, não saber que o trajeto terá 20 quilômetros e acabar treinando para correr 200 quilômetros. Alguns diriam algo do tipo “mas isso seria bom. Se o cara treina para conseguir correr 200 km, correrá 20 km tranqüilamente”. Ok, a princípios seria assim mesmo ... mas e se o cara ferrar os músculos, tendões e ligamentos num treinamento brutal para correr 200 km e no dia da corrida não tiver condições físicas para correr apenas 20 km, e daí? Adiantou todo o esforço pra lá de extra? Acho que não.

Se vocês pesquisarem nos arquivos do blog, encontrarão alguns artigos falando da importância de se ler o edital com cuidado, tem até artigo ensinando a ler corretamente editais. Não é esse o objetivo desse artigo. A idéia é chamar a atenção de vocês para a importância de se estudar o que está especificado no edital. Se você estudar menos, poderá encontrar questões de matérias que lhe são desconhecidas e que você não saberá resolver. Se você estudar mais, estará desperdiçando o gás que deveria estar usando para estudar muito bem as matérias que serão realmente cobradas em prova, se confundirá com coisas que nem deveriam passar por sua cabeça e, como bônus, não saberá se na prova a banca está cobrando alguma coisa que não deveria estar sendo cobrada.

Resumo da ópera – O edital é a lei do concurso, gente. Estude o que for para estudar e não se preocupe com o resto. Ponto final.

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.



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