O ser humano domina o planeta terra principalmente por uma característica muito importante em termos evolucionários, a adaptabilidade, ou seja, sua capacidade de adaptação a mudanças no meio ambiente. Se essa característica parece a primeira vista tudo de bom, bem, as coisas não são bem assim.
Um dos lados negativos da adaptabilidade é a falsa sensação de conforto que a acompanha quando o assunto são perigos conhecidos. É como quando jogamos um joguinho de computador. Antes de terminarmos uma fase, morremos algumas vezes, mas sempre que a recomeçamos, sabemos onde se escondem os perigos e passamos por eles ilesos. O problema é que essa falsa sensação de conforto por sabermos quais são e onde os perigos se escondem nos levam, muitas vezes, a morrer de bobeira e ter de recomeçar toda a fase.
Isso acontece também na guerra dos concursos públicos. Estudamos diversas matérias, não pontuamos o suficiente em vários concursos, voltamos a estudar. É igualzinho ao jogo de computador. Sabemos onde está vários perigos e temos a falsa sensação de segurança.
Que tal um exemplo prático? Vamos lá.
Arquivologia. Essa matéria está se tornando figurinha batida nos concursos públicos atuais. Uma matéria bastante fácil e tranqüila de estudar ... pero non mucho. Não faz muito tempo conversava sobre a matéria com um amigo que se preparava para um concurso e lá pelas tantas ele diz algo do tipo “
já estudei essa matéria para três concursos, estudei muito, então não vou estressar dessa vez, não. Vou dar uma revisada agora no começo dos estudos e uma na semana antes da prova. Tá tudo dominado”. Argumentei com o cara que as coisas não são bem assim, que poderia haver surpresas, mas não adiantou, ele disse que já tinha feito dezenas de exercícios de provas anteriores, que tinha um resumo “bala”. Não perdi mais meu tempo insistindo.
Pois bem, nesse final de semana reencontrei esse amigo. Lá pelas tantas da conversa perguntei como ele tinha ido na prova. “
Olha, cara, fui bem na maioria das matérias, mas o que me deixou chateado foi arquivologia. Pegaram pesado na prova e oito das dez questões estavam bem chatinhas de responder. O pior é que nem deu tempo de estudar meu resumo na semana antes da prova e acabei me ferrando. Acertei apenas cinco de dez. Putz, é foda”.
Sacaram agora o perigo da falsa sensação de segurança? E o que aconteceu com esse amigo já aconteceu comigo duas vezes com outras matérias!
Por conta disso devemos fazer de tudo para evitar essa falsa sensação de segurança. Não é fácil, pois ela bate forte e tem um apelo muito sedutor em tempos de muita matéria para estudar e pouco tempo disponível. Só que se nos deixarmos levar, arriscamos pagar um preço alto, muito alto, no dia da prova. É aquela velha história, pode ser que as questões de determinada matéria com a qual nos sentimos especialmente confortáveis acabem sendo fáceis e/ou dentro de nossa faixa de conhecimento, nesse caso tudo bem, porém pode acontecer também da banca cobrar a matéria de forma mais puxada e então nos ferramos de verde, amarelo, azul e branco.
Procuro evitar a todo custo dar ouvidos à falsa sensação de segurança. Mesmo quando o concurseiro altamente otimista que vive dentro de mim grita que já sei bastante de determinada matéria, que já a estudei com seriedade tempo bastante para poder dar agora uma relaxada, procuro pensar o contrário, que ainda não estudei o bastante dela, que os perigos ainda existem, que não posso arriscar tempo de estudo e investimento para comprar material e fazer prova. É difícil, mas é necessário.
Resumo da ópera – Muitos profissionais de sucesso já se ferraram por conta da falsa sensação de segurança. Executivos perderam fortunas. Pilotos bateram carros. Generais perderam batalhas. Atletas deixaram de vencer. Se você não quer ser um concurseiro vítima desse inimigo, então comece a não dar ouvidos para aquela vozinha que sussurra em seus ouvidos “você já sabe o suficiente, não precisa estudar mais essa matéria com tanta seriedade”.
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