Pois é gente! Pela primeira vez, fui “fiscal de concurso” após ingressar na carreira pública.
Alguns podem se perguntar:
“Mas o que isto me ajuda nos concursos”.Pois é, eu também já me fiz esta pergunta um dia, mas ao ler meu primeiro livro sobre um concurseiro de sucesso, que foi fiscal, ajudou-me em algumas coisas.
Antes de mais nada, garanto que o negócio é levado muito a sério por quem organiza e aplica as provas, vi de perto como funciona e não vi nada que fosse contra a lisura do concurso, os coordenadores e chefes trabalham de forma a permitir que tudo seja transparente e objetivo, nós próprios só trabalhamos com indicação e se estiver tudo em dia, portanto, até onde conheci, assino embaixo e todos que lá estão, procuram ao final passarem despercebidos por todos, pelo menos foi assim comigo.
Agora, sobre os fiscais em si. Posso garantir que a maioria que está lá na labuta, normalmente são como todos nós, concurseiros, ou, se não, já foram e torcem por nós, não se incomodam com os “últimos” que entregam a prova, pois, sabem que ali normalmente estão os vencedores e os que, mesmo não vencendo, levam bastante a sério, e assim torcem por nós. Infelizmente, não podem, por questões óbvias, envolverem-se com a galera.
O concurso em que trabalhei era da “ANTAQ”, não, não são Antas Aquáticas, mas sim, Agência Nacional de Transportes Aquaviários, ligada ao Ministério dos Transportes. Tratava-se de cargos médios e superiores, no caso, trabalhei em uma sala para o nível médio e observei algumas coisas que já sabia, mas vi na prática:
Entrar cedo demais na sala de prova: Se após entrar, você não puder mais sair, com certeza se cansará antes, portanto, entre na sala faltando no máximo uns 10 minutos, quem entra antes fica tenso, não vê a hora de fazer a prova e a angústia só vai aumentando, o cansaço bate mais cedo.
Materiais: logo na saída do metrô, havia placas “necessário lápis, borracha, caneta, régua...” quando na verdade era necessário apenas ter lido o Edital e descobrir-se-ia que a única arma necessária era uma caneta preta de material transparente.
Agora vou entrar em detalhes mais técnicos, que normalmente só concurseiro vê:
Prova com redação: Redação para concurso, não é a mesma redação que utilizamos na faculdade e no vestibular. A redação deve ser simples e objetiva, impessoal (nada de “eu acho, eu penso etc...”, feijão com arroz. Em concurso não é necessário pôr título, a menos que peçam, mas observei várias em que insistam em criar um título.
Palavras rebuscadas: esqueça, isso cansa quem corrige (afinal, são milhares), às vezes nem eles sabem o significado e você acabará por ser prejudicado.
A redação deve ter no máximo de uns quatro parágrafos e olhe lá.
O último parágrafo deve retomar o tema.
Em resumo: Quem acha que sabe tudo de redação em se tratando de concurso, é melhor fazer um cursinho preparatório.
Para não estender demais o post, vou à situação que mais me chamou atenção:
O tipo de prova.
Nesse concurso, era necessário dizer se a assertiva estava certa ou errada, ou seja, ou ela está certa ou errada.
Fiquei intrigado ao ver que a maioria dos candidatos entregava o gabarito todo preenchido, mas, lembrei-me de uma coisa; “eles não leram o Edital”.
Se vocês lerem o Edital desse concurso, (Fundação CESPE – concurso ANTAQ), observarão que eles dizem que a cada item correto assinalado como correto valerá um ponto e a cada item errado assinalado como errado valerá um ponto (página 9).
Porém, eis o detalhe de quem lê o Edital:
Lá na frente umas três páginas após (página 12, critérios de avaliação) diz que se a resposta estiver em discordância com o gabarito, receberá um ponto negativo, e, caso não haja marcação, nenhuma pontuação será atribuída.
Ora, se você não sabe se um item está certo ou errado, e, não consegue “clarear” as idéias até o final da prova, você preencheria ela no “uni-duni-tê, o escolhido foi você” ?
Se leu o Edital, não, deixaria em branco.
Parece brincadeira, mas isto decide quem entra ou não na vaga.
A cada resposta errada, uma certa é eliminada. Mas, a maioria dos gabaritos que vi, os candidatos não se atentaram a esses detalhes e insistentemente entregavam os gabaritos todos preenchidos, foram raras as exceções.
Acho que eles sabiam todas as repostas...
Resumo da ópera - Ninguém sabe tudo, ninguém. Se não ler o Edital direito, que é a lei do concurso, estará fadado a doar a vaga (doar, isso mesmo) para quem talvez nem tenha estudado tanto quanto você, mas que leu o Edital como parte das matérias do concurso.
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