Quando o concurseiro mostra para o que veio

Faz pouco mais de uma semana prestei a prova do concurso público do Banco Central (Bacen), na qual não fui tão bem quanto esperava. Para piorar, a banca (maledeta Cesgranrio) divulgou dois dias depois da prova a anulação de quase metade da prova de português para todos os cargos de analista porque tais questões haviam sido plagiadas de provas de concursos públicos já aplicadas. Hoje paira uma aura de incerteza em relação a anulação ou não desse concurso.

Durante alguns dias tirei um merecido descanso, a fim de dar um tempo para o cérebro recuperar as energias. Descanso numas, visto que aproveitei esses dias sem estudo para colocar o material em dia, arrumar os livros, os arquivos de concursos no computador, ou seja, fiz aquela faxina concurseira.

Ontem, segunda-feira, retomei os estudos, dessa vez preparando-me para o concurso público da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, com prova marcada para o dia 28 de março. Cargo bom, remuneração boa, muita matéria para estudar, concorrência que promete ser acirrada, ou seja, nada de anormal para mim nesses dois anos e pouco de estudo para concursos públicos.

No final de semana conversei com uma amiga que passa pela mesma situação. Ela não foi tão bem quanto esperava em um concurso para o qual estudou muito e acabou ficando a poucos pontos da classificação para a segunda fase. Ela estava muito chateada com o fato, abalada, desmotivada, desanimada. Conversamos um bom tempo sobre cobrança de família, necessidade de seguir em frente e tudo o mais.

É, meus amigos, vida de concurseiro é assim mesmo. Nossa sina é estudar feitos condenados, sofrermos feito cachorros sem dono com as dificuldades e derrotas, sermos incompreendidos por familiares e amigos que não perdem a chance de nos fazer nem que seja aquela cobrançazinha de leve. Adianta ter sido classificado em vários bons concusos, todos em posição legal? Não, enquanto você não é empossado, você não venceu ... e toda manhã alguém vai te dizer "é para passar em primeiro lugar no próximo concurso".

Só, amiguinhos, que concurseiros sérios NÃO TÊM O DIREITO de se sentirem mal com toda essa incompreensão, cobrança e falta até de humanidade para conosco. Não podemos perder tempo com isso, temos de estudar, sempre muito seriamente, sempre para vencer, sempre, sempre.

No bom e velho Windows XP há aquela telinha para desligar o computador, onde há três opções:

Em espera - O modo de espera (também chamado de modo de suspensão) tem a finalidade de conservar energia desligando o vídeo e a unidade de disco rígido. Quando você sai do modo de espera, o computador retorna ao mesmo estado em que estava antes de entrar no modo de espera.

Desligar - Desliga totalmente o computador, nada mais funcionará até ele ser religado.

Reiniciar - O computador será desligado e então reiniciado logo em seguida, automaticamente, recarregando o sistema operacional e demais programas instalados.

Bem, o concurseiro tem também essas três opções. Vejamos.

Em espera - Quando o concurseiro decide que não aguenta mais a vida de estudos, ralação e espera que a guerra dos concursos públicos exige e resolve "dar um tempo" para voltar aos estudos alguns meses ou anos no futuro (o que geralmente não acontece).

Desligar - Quando o concurseiro põe na cabeça que nunca conseguirá mesmo passar em concurso público algum e que está perdendo tempo tentando, então melhor fazer outra coisa.

Reiniciar - Quando o concurseiro respira, analisa o que fez de certo e errado até ali, tira alguns dias para descansar e então retoma a luta para conquistar seu sonho de posse em um bom cargo público.

Resumo da ópera - Semana passada fiz mais um processo de "reiniciar" e desde ontem estou "fervendo" nos estudos para o concurso da ALESP, assim como essa amiga que depois de um momento de dúvida, tristeza e angústia também reiniciou e agora está "fervendo" nos estudos para o concurso do TRF 4a Região ... e você, vai fazer o quê?

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.
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