Imagine a seguinte situação:
Você esteja estudando forte para um concurso que oferece um bom número de vagas e uma ótima remuneração, e está muito confiante de que tem a aprovação praticamente garantida visto que tem a experiência, o conhecimento e está estudando até mais que o necessário. Então, um belo dia, você recebe o tão desejado telegrama comunicando sua nomeação para outro cargo para o qual prestou concurso fazia tempo e do qual nem se lembrava mais. O cargo é bom, mas não tanto quanto o cargo do concurso para o qual se prepara, assim como a remuneração, que apesar de ser apenas metade da permitiria que você se virasse muito bem.O problema é que se você for empossado no cargo para o qual acaba de ser nomeado, simplesmente não terá mais como continuar os estudos para esse concurso para o qual vem se preparando, daí, adeus para suas chances de conquistar um cargo muito melhor e mais bem remunerado, pelo menos dessa vez.Qual seria sua escolha? Você tomaria posse do cargo menor deixando passar essa ótima chance de alcançar um cargo melhor? Ou você desistiria da posse no cargo menor e continuaria estudando com força total para o cargo melhor?Se você abanou a cabeça ao terminar de ler essa historinha, saiba que uma amiga concurseira está prestes a vivê-la e que pode, sim, acontecer com você também!
Essa concurseira vem se preparando com muito cuidado e disciplina para o concurso do STJ, animada pelo bom desempenho no concurso do STF. Seu objetivo é ser empossada em um cargo com exercício em Brasília e adotar a Capital Federal como sua nova cidade. Só que semana passada ela ficou sabendo da iminente divulgação de uma grande lista de nomeações para o cargo de técnico judiciário do Tribunal de Justiça do estado onde ela mora, concurso que ela prestou no começo do ano e apenas agora está gerando os primeiros frutos em termos de nomeações. Claro que ela não poderia estar mais em dúvida sobre o que fazer quando o momento da escolha chegar.
Vida de concurseiro é assim, gente, complicada mesmo. Decisões têm de ser tomadas todos os dias, algumas mais simples, outras mais complexas e complicadas, muitas do segundo tipo travestidas do primeiro. Por isso mesmo, o concurseiro sério toma muito, mas muito cuidado mesmo, a cada escolha, a cada decisão. Ele analisa com cuidado todos os ângulos possíveis, todos os prós e contras, ele analisa novamente, pesa, mede e calcula, só então toma a melhor decisão possível. O que não pode haver é precipitação ou displicência na hora de decidir, pois ambos são fatais.
Essa amiga até que está numa posição menos desconfortável, pois esse cargo para o qual ela está prestes a ser nomeada tem uma boa remuneração e será exercido na capital do estado, o que permitirá que ela possa se virar muito bem, pagar as contas, ter uma folguinha financeira para financiar a participação em outros concursos e comprar bons materiais de estudo, além de poder participar de vários concursos futuros. Imagine se o cargo fosse para exercício em uma cidadezinha do interior que dificultasse dela prestar outros concursos? Claro que a decisão seria muito mais complicada de ser tomada.
Por isso, gente, costumo sempre dizer que “não preste concursos para cargos que se um dia for nomeado, não queira realmente assumir”. O que já vi de gente que não toma cuidado com isso e então é nomeado e se vê obrigado por força das circunstâncias a assumir um cargo que não quer, para fazer um trabalho que não gosta, ganhando menos do que queria e para exercer o cargo em uma cidade que nunca pensaria em morar. Para que complicar a vida assim? Será que a vida de concurseiro já não é complicada o bastante sem essas situações que nós mesmos criamos?
Resumo da ópera – Realmente a escolha dessa amiga é complicada e eu não gostaria de estar na pele dela para ter de decidir entre uma opção e outra. É muito fácil sugerir essa ou aquela linha de ação quando o problema não é nosso, quando não é “o nosso que está na reta” (inclusive semana que vem escreverei um artigo sobre isso). Por isso mesmo meu conselho para ela foi de pesar muito bens os prós e contras de cada alternativa, pois o velho ditado do “mais vale um pássaro na mão que dois voando” não é, necessariamente, uma verdade absoluta e universal.