Dias atrás publiquei aqui no blog um artigo sobre o recém lançado concurso do TRT 8a Região, onde alertava aos leitores animados com tal concurso para que analisassem cuidadosamente se realmente valerá a pena investir tempo, esforço e dinheiro para prestar tal concurso, visto que tal TRT abrange os estados do Pará e Amapá, o que para muitos concurseiros significará mudança radical de casa.
Pois bem, foi com grande surpresa que em meio aos diversos e já esperados comentários de “realmente, não pensei nisso”, recebemos também um número incomum de comentários contra o que disse no artigo, alguns bastante ácidos, devo confessar. Por conta disso pensei que seria interessante escrever um novo artigo a respeito do assunto.
Basicamente, esses comentários contrários se basearam em dois argumentos:
1 – Que o tom adotado no artigo seria por demais alarmista e pessimista;
2 – Que haveria um viés preconceituoso no artigo por conta do concurso ser no norte do país.
Pois bem, vamos por partes, como costumava dizer nosso bom amigo Jack, o estripador (risos).
Quanto ao primeiro argumento, veio em meu auxílio o comentário de um concurseiro que, justamente, mora, como se diz em Minas, “por aquelas bandas”, passando preços locais de aluguéis e alimentação em Belém do Pará que são compatíveis como os de qualquer grande cidade da Região Sudeste e Sul.
Há um tipo de miopia muito comum entre concurseiros, que faz a quem acomete achar que a remuneração de muitos cargos públicos tem um poder de compra muito maior que tem na realidade. Duvidam? Conheço um concurseiro empossado em um cargo público federal com remuneração de R$3 mil há alguns meses, tendo de se mudar para São José dos Campos (SP). “Nossa, esse cara tirou a sorte grande”, diriam muitos concurseiros. Pois bem, dias atrás estava conversando com esse concurseiro e ele “chorou as pintangas” porque só de aluguel e condomínio pagava R$1100, de alimentação R$500, mais R$400 de despesas gerais (lavagem de roupas, Internet, celular, ...) e R$300 para viajar dois finais de semana para onde mora sua família e namorada, no interior de Minas Gerais. “Como é que sobrando apenas R$700 por mês vou conseguir comprar um carro, pagar seguro, estacionamento, IPVA?”, perguntou desalentado.
Claro que esse problema não existe quando falamos de remunerações acima de R$6 mil, daí tudo fica mais fácil, claro. Agora, para remunerações abaixo de R$5 mil, não vão pensando que após pagar Imposto de Renda, aluguel e demais contas, sobrará uma fortuna. Claro que estou falando de concurseiros que terão de se mudar para exercer algum cargo público, visto que se o concurseiro não precisa fazer isso, contará com uma estrutura pré-existente e, possivelmente, apoio da família para amortecer os custos de vida.
Quanto ao segundo argumento, bem, basta dizer que não passar de um grande non sense.
Resumo da ópera – Cuidado com a “miopia da remuneração”, concurseiros. Não achem que com R$4 mil de remuneração será possível comprar casa com piscina e carrão importando meses após entrar em exercício porque não será!
CHARLES DIAS é o Concurseiro Solitário.
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