Esse blog é antes de tudo um espaço democrático voltado 110% para concursos públicos, um espaço que respeita opiniões e pontos de vista na maioria das vezes coincidentes, mas algumas vezes opostos. Por isso mesmo, sinto-me à vontade para dizer que DISCORDO em número, gênero e grau do artigo de sábado passado de autoria da colega de blog Raquel Monteiro, entitulado “Usar o Orkut ou não usar?” (clique aqui para ler).
Antes de começar, acho importante deixar clara minha relação com os concursos públicos. Já não sou tão jovem, tenho 37 anos, e a opção pela carreira pública veio de uma completa desilusão com a carreira privada. Simplesmente cansei-me de me matar de trabalhar, e ver gente como eu se matar de trabalhar, apenas para aumentar a fortuna de donos de empresas e bancos em troca de um salário insatisfatório e do bônus de arriscar a contrair uma ou duas das várias enfermidades associadas com o estresse no trabalho. Resolvi mudar de vida e para isso abri mão de tudo o que tinha conquistado para mergulhar de cabeça na luta por um bem remunerado e seguro cargo público. Ficaram para trás ter minha própria casa, os amigos, as baladas, os hobbies, as namoradas firmes, tudo. Troquei uma realidade estressante e com a qual estava insatisfeito por um futuro muito mais tranqüilo e agradável ... o preço ainda estou pagando, até agora quase 16 meses de estudo, estudo, provas, provas, estudo, provas, mais estudo e mais provas.
Penso assim, se estou lutando numa guerra, por que motivo abriria mão de armas poderosas que podem me auxiliar a alcançar a vitória mais rápida e facilmente? Será que os soldados americanos que lutam no Iraque, por algum motivo abririam mão de usarem metralhadoras ou granadas para usar apenas arcos e flechas. O que você diria dos soldados que fizessem isso? Que são doidos, claro.
Já escrevi um artigo sobre a importância da Internet para o concurseiro (clique aqui para ler) e volto a afirmar sem sombra de dúvida que essa é uma das mais importantes e poderosas armas que os concurseiros têm a sua disposição. Não tenho vergonha de dizer que espero, sinceramente, que muitos concurseiros que prestem os mesmos concursos que eu não compartilhem dessa crença, pois assim estarão me dando uma grande vantagem competitiva.
Vejamos apenas três aspectos práticos e altamente importantes que apenas a Internet proporciona aos concurseiros que a usam de forma inteligente.
Dicas de matérias e materiais de estudo – A maioria dos concurseiros usam a Internet para isso. Mesmo quem tem dinheiro de sobra para comprar todos os livros sobre concursos disponíveis no mercado, ainda assim não teria acesso a todo o conteúdo que existe na Internet sobre esses assuntos. O mais importante é que muito dos ótimos material disponível gratuitamente na Internet foi confeccionada por concurseiros que estão na luta e que estão tendo êxito usando tal material. Existem dicas melhores para enfrentar provas de uma banca de concursos que aquelas dadas por concurseiros sérios que acabaram de prestar alguma prova preparada por ela?!Motivação – Já expliquei em alguns artigos que postei aqui no blog que motivação nada mais é que “o motivo que leva à ação”, ou seja, os motivos que levam alguém a se tornar concurseiro e estudar com seriedade para concorrer a um cargo público. Nos auto motivamos, isso é fato, só que muitas vezes a quantidade de motivação que produzimos não é suficiente para nos impulsionar a darmos o melhor de nós em nossa luta na guerra dos concursos públicos. O que fazemos? Emprestamos da motivação de outros concurseiros lendo seus conselhos, suas histórias de vida, suas dicas, tudo isso usando a Internet. Mais uma vez pergunto, existe melhor motivação que aquela que emprestamos de gente que está na mesma luta que a gente?!Sondagem da concorrência – Se vamos prestar um concurso, é sempre bom ter uma idéia do tipo de concurseiros com quem estaremos disputando as vagas oferecidas. Conhecer um pouco desse pessoal nos ajuda a ter uma idéia de em quais matérias teremos vantagem estratégica e em quais “o bicho vai pegar”. Podemos fazer isso freqüentando um cursinho específico para tal concurso, ou visitando comunidades virtuais e listas de discussão específicas sobre tal concursos, algo que somente a Internet proporciona.Portanto, diante disso tudo, não posso, de modo algum, concordar com a Raquel quando seu artigo aponta o Orkut e a Internet em geral como obstáculos para o sucesso do concurseiro. Essa questão é como uma moeda, que tem dois lados. É óbvio que a Internet pode ser tanto uma grande arma que beneficia o concurseiro quanto um obstáculo ao seu sucesso. Não é possível afirmar de forma incontestável que somente uma dessas faces existe.
Ilustremos isso com duas situações reais de uso específico do Orkut.
Situação 1 – O concurseiro que usa o Orkut exclusivamente para duas coisas, concursos e manter contato com alguns amigos. É exatamente o que eu faço. Mais da metade das comunidades das quais faço parte são sobre concursos públicos, o mesmo acontece com os amigos que tenho adicionados, a maioria está na guerra dos concursos públicos. Acho o Orkut uma ferramenta excelente, principalmente para concursos específicos por contas das comunidades. Todo e qualquer concurso que está acontecendo tem pelo menos uma comunidade onde se troca informações, se tira dúvidas e onde é possível sondar a concorrência.Situação 2 – O concurseiro que usa o Orkut não só para concursos, mas principalmente para piadas, bobeiras, passatempo, paqueras e tal. Uma amiga falsa concurseira faz isso. Ela deve fazer parte de umas duzentas comunidades, apenas algumas de concurso e, mesmo assim, raramente as visita. O Orkut é para ela um grande playground para passar o tempo e não uma ferramenta de estudo.Entenderam a diferença?
Acho que é muito importante que o concurseiro use o Orkut e a Internet em geral como o que deve ser, uma importante ferramenta estratégica de estudo, deixando seu lado lúdico para depois da posse. Transforme a fonte de tempo disperdiçado em arma estratégica e fonte de informações.
A guerra do concursos públicos não é uma guerra justa ou limpa, está longe disso. Ela nos prega peças, nos ataca em nossos pontos mais fracos, tira vantagem das nossas deficiências, fraquezas e temores. Pior, ela nos prepara muitas armadilhas pelo caminho, armadilhas muito bem camufladas, muitas que só nos damos conta de que caímos quando é quase tarde demais. É preciso muito cuidado para não cair nessas armadilhas, que são variadas e mortais. Uma multidão de ex-concurseiros sérios já caiu nelas, notaram tarde demais e sentiram as conseqüências ao ver o sonho do cargo público virar poeira e fazer parte dos sonhos que não se tornaram realidade.
Ao longo dessa semana falarei desse assunto, que é muito importante e muito extenso para apenas um artigo.
Resumo da ópera – Como diz o velho ditado, “para cada cabeça, uma sentença”, ou seja, o que é bom para mim, pode não ser bom para você. Isso é fato. Tanto a Raquel quanto qualquer concurseiro tem de fazer o que julga ser o melhor para sua luta, mas isso não quer dizer que se possa ou deva generalizar a solução, como se fosse a melhor para todo e qualquer concurseiro. O remédio para um pode ser o veneno mortal para o outro! Pode ser que para a Raquel deixar o Orkut e a Internet de lado seja o impulso que faltava para sua vitória na guerra dos concursos públicos, mas, com toda certeza, seria a pedra que enterraria de vez o sonho de aprovação de muitos outros concurseiros que adotassem essa mesma solução sem pensar se ela é a mais adequada para solucionar seu problema.
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Muitos acreditam que estudar com o melhor material de estudo possível é uma das melhores armas que o concurseiro pode dispor. Que não adianta nada investir dezenas de HBCE (horas de bunda na cadeira estudado) quando se tem um material de qualidade...
Já escrevi sobre esse assunto em um dos artigos anteriores, mas acho que é tão importante que nunca é demais analisá-lo um pouco mais sob diferentes óticas. E olha que não esgoto o assunto por aqui. Afinal de contas, vale mais a pena se dedicar...
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Certa vez li um artigo de arqueologia (assunto que me fascina) no qual em certo ponto o autor dizia algo mais ou menos assim: “A evolução das sociedades é baseada no acúmulo de conhecimento, onde cada geração dá sua parcela de contribuição...
Nesse final de semana uma amiga me ligou e perguntou se eu não poderia conversar com uma amiga dela que também estava estudando para concursos públicos, mas que estava tendo dificuldades. Combinamos dela passar em minha casa com a amiga no dia seguinte...