Diante dos últimos tempos, de alguns anos para cá, fica difícil embrenhar-se na densa mata dos concursos públicos. Uns largam a iniciativa privada, suas cobranças por vezes excessivas, sua pressão por resultados imediatos, sua alta competitividade e desconsideração para com a qualidade de vida de seus componentes para ingressar num serviço que lhe dê estabilidade. Outros almejam a investidura como um projeto de vida, visando à realização de aspirações. Alguns, ainda, precisam sobreviver, e contam com a aprovação para saírem de situações financeiras e familiares difíceis.
Lembro-me que uma das primeiras vezes que prestei concurso foi em 1997. Ainda cursava Direito, e tentei – por tentar – a carreira de Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça em São Paulo. Fui prestar a prova numa cidade bem interiorana, distante mais de duzentos quilômetros de onde moro. Um ano depois fui chamado, mas não assumi, pois priorizei os estágios e a manutenção da minha faculdade.
Àquela época havia poucas pessoas prestando junto comigo, no mesmo colégio. Poucas mesmo. Hoje qualquer concurso de prefeitura municipal é suficiente para bloquear todas as vias próximas de um quarteirão. Vê-se um mar de gente em colégios e universidades, nos processos seletivos de maior porte. Naquela época passei bem colocado estudando por apostilas de banca de jornal; hoje, fica difícil passar até se houver um estudo mais completo, de alguns livros por matéria, sem contar a leitura quase que obrigatória de jurisprudência das Cortes superiores. Naquela época eu era estudante; hoje sou formado, porém convivendo com uma situação nada agradável de me empenhar, prestar a prova e – dando tudo certo – aguardar a nomeação num concurso, ainda que escada, a fim de pôr minha vida nos eixos. Iniciativa privada não é mais opção, frente ao modo de trabalho e aos interesses do mercado, que barram gente que não tenha o “perfil” ou uma tenra idade, ainda não bem explorada pelas empresas ou escritórios. A melhor palavra para definir esse quadro é “encruzilhada”.
Acredito que esse é o drama de muita gente. Uma situação-limite, um ponto em que voltar é perigoso e o futuro é incerto. Decisões a se tomar, pouco tempo para pensar, muito o que se preparar. A natureza humana tendente à preguiça. Uma luta em que o principal adversário é a própria pessoa. E como ter motivação, diante de tudo isso?
Naturalmente, quem entra na vida de concurseiro tem que calcular os custos de sua empreitada. Para conseguir as laranjas mais altas do pé, é preciso pegar uma escada, uma pedra ou uma vara de bambu: elas não virão até você. Há um preço a se pagar para atingir algo maior e melhor. A motivação incide aqui dando justamente o comando: “você está fazendo um investimento e, como tal, quer e merece retorno”. Quem não valoriza o que conquistou até agora não tem como se motivar. Outro fator é o que se deseja como retorno desse investimento: algo de qualidade ou “qualquer coisa serve”? O que plantarmos, colheremos; um olho tem de estar na semeadura e outro na ceifa. A motivação incide aqui questionando: “qual o teu plano para o futuro? O que você espera com tudo isso?”
Penso que a motivação de uma pessoa pode mudar seu jeito de encarar os desafios. Abstrair a realidade não é sequer saudável; ela não impede, entretanto, de sonhar. Sonhar é, de fato, projetar o que se quer, baseado no contexto presente e considerando o passado, quer ele tenha sido bom ou mau. Motivação é para quem sonha, sem se esquecer da realidade e do que já lhe aconteceu, de experiência de vida. Motivação é para quem não se contenta com o pouco, com o resto. Motivação é para quem joga para ganhar, quem aspira à vitória, quem dá o melhor de si, sem se preocupar com os resultados. É para quem já é vencedor, só de estar na disputa.
Resumo da ópera - Motive-se, e não se esqueça do vizinho. Um pode ajudar o outro nessa caminhada.
CLEBER OLYMPIO, um concurseiro que procura motivar os seus companheiros de luta.IMPORTANTE - Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas. Além disso, como não contamos com um revisor(a) de textos, também a correção gramatical e ortográfica é de inteira responsabilidade dos mesmos.
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