Na cidade onde moro há uma tradicional faculdade de direito que por conta de alguns anos com média muito baixa nos exames da OAB de seus formandos, foi obrigada pelo Ministério da Educação a passar por uma boa reentruturação e a receber pesados investimentos a fim de melhorar a qualidade de ensino e o nível dos formandos. Pois bem, a biblioteca dessa faculdade, que até então era um cômodo com uma dúzia de prateleiras cobertas de livros velhos, agora é uma bela biblioteca moderna, informatizada, climatizada, e recheada com o melhor e mais atual em termos de bibliografia jurídica.
Como bom concurseiro em tempo integral que preza seu rico, suado e cada vez mais curto dinheirinho, resolvi aproveitar essa dádiva aberta ao público em geral e ontem comecei a estudar metade do dia nessa biblioteca. Nossa, esse está sendo um presente de natal antecipado. É um lugar calmo, quieto, com pouca gente e que oferece as últimas edições dos melhores e mais recomendados títulos das matérias cobradas em concursos públicos.
Ontem estava estudando Direito Constitucional, mais especificamente revisando a parte sobre Poder Executivo e quando parei para respirar que notei que tinha sobre a mesa, além da onipresente Constituição, três grossos livros cheirando a novo de autores conhecido. Então pensei, “putz, nunca acreditaria que teria de estudar desse modo para concursos públicos”.
É impressão minha, gente, ou estudar sério para concursos públicos se tornou algo mais exigente e complexo que estudar para um mestrado (nem digo graduação). Se pensarmos bem no assunto, isso chega a ser algo bastante absurdo. Nunca acreditaria a alguns anos se me dissessem que teria de estudar livros usados em cursos de Direito, notem bem o plural do “livros”, para poder enfrentar uma prova de concurso público. Sinceramente, estudo muito mais e com mais qualidade para concursos públicos hoje do que estudei durante todo meu curso de Economia na USP, sério.
Agora, não é bom nem falarmos muito em termos de investimento. Um dos livros que usava ontem na biblioteca, recém saído da gráfica em sua belíssima 28ª edição, custa novo quase R$200,00. Tempos atrás, com alguns amigos, fizemos as contas de quanto uma pessoa gastaria em um ano para se tornar um concurseiro solitário com material ideal, somando desde a cadeira que a pessoa fosse usar, passando por todo o material necessário, até a academia de musculação para manter sua forma física. O valor chegou a R$30 mil, ou seja, o preço de um bom carro zero quilômetro.
Mas deixemos essa questão do custo do investimento de lado e voltemos para o quanto temos de estudar. Converso com muita gente que já está empossada desde o ano passado e retrasado, além de professores de cursinhos para concursos, e é unânime a opinião de que de três anos para cá o nível de dificuldade das provas de concursos públicos e também o nível dos candidatos aumentou muito, mas muito mesmo. Se era intenção da Administração Pública atrair para suas fileiras os melhores dos melhores profissionais, estão conseguindo fazer isso sem problema algum. Hoje o concurseiro tem de ser muito bom em termos de conhecimento, disciplina e dedicação para conseguir garantir uma nomeação em cargo público.
Resumo da ópera – Dou graças a Deus por poder contar agora com uma ótima biblioteca para auxiliar nos meus estudos, estava mesmo precisando disso. Por outro lado fico triste ao pensar que há por aí muita gente boa que tem de ralar estudando sem uma biblioteca para auxiliá-lo, por mais simples que seja, assim como tem gente que estuda sem ver problema em gastar R$1.000 aqui e R$1.000 ali com livros para concursos públicos. Mas a vida é assim mesmo e temos de fazer a melhor limonada possível com os limões que nos atiram. Estou certo?
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