Um ano dedicado aos livros e sem deixar o trabalho de lado. Foi assim que o estivador Renan Borlot Soares, de 22 anos, conseguiu ser aprovado no concorrido vestibular de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Nesta segunda-feira (15), ele entra, efetivamente, na vida de universitário, ao ser matriculado no curso. "O 'fácil' foi entrar, o difícil agora vai ser sair", brincou Borlot. De origem humilde, a aprovação do jovem é motivo de orgulho para a família e a prova de que é importante não desistir dos sonhos.
Renan passou em um concurso público para o cargo de estivador no final de 2011. Serviço de colocação, retirada ou arrumação de cargas nos porões ou sobre o convés de embarcações no porto. Apesar do trabalho ser pesado, o jovem contou que não pensa em largar o emprego. "Preciso continuar trabalhando para o meu sustento. Meu serviço é bem flexível e posso trabalhar os dias e horários que eu puder, sabendo que só vou receber por esse tempo. Mesmo assim vale a pena. Estou pensando em estudar de manhã e a tarde, e alguns dias trabalhar de madrugada", disse.
Antes de se descobrir na área da saúde, o rapaz contou que sempre gostou de exatas e que chegou a ser aprovado no curso de física, mas desistiu após alguns meses. "Percebi que não era o que eu queria para o meu futuro. A maioria dos formados nessa área dão aulas dessa disciplina que é um terror para os estudantes, quase ninguém gosta. Não queria ensinar algo que os alunos não gostem ou que aprendem apenas por obrigação, para passar de ano, seria muito frustrante", explicou.
O interesse pela medicina surgiu durante um trabalho missionário em São Paulo. "Durante dois anos fiz um trabalho missionário indicado pela minha igreja e, através dessa experiência, pude ajudar muitas pessoas. Isso me realizou e vi que era o que eu queria. Comecei a pensar na medicina como um desses trabalhos gratificantes, que eu poderia ajudar o próximo. Desde então meu desejo só foi crescendo e corri atrás", disse.
Apenas um ano de estudos, pesados, em um cursinho pré-vestibular bastaram para que Renan conseguisse uma das disputadas vagas do curso de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Por ter estudado em escola pública, estava inserido no sistema de cotas. "Meu objetivo no cursinho era focar em biologia e química e me dediquei muito. Sempre confiei que iria conseguir e, nos simulados, sempre tentava me manter em um nível alto. Me sentia preparado para a prova", contou o jovem.
A aprovaçãoPara Renan, o apoio da família durante a época de estudos fez toda a diferença. "Todos sempre me deram bastante força, mas por ser um curso difícil ficaram apreensivos. Quando vi que tinha passado, liguei para a minha mãe imediatamente e ela estava no ônibus. Na hora, ela deu um grito e começou a contar para todo mundo que eu tinha passado, sem conhecer ninguém", lembrou o estivador.
Apesar de ainda não ter iniciado o curso, o jovem já sabe o que quer. "Quero atender as pessoas, mas não quero deixar de estudar nunca. Assim que acabar a residência já estarei me encaminhando para um mestrado e depois doutorado. A carreira acadêmica me chama muito a atenção", explicou.
Após a divulgação do resultado na internet, os familiares de Renan comemoraram com o chamado 'trote', raspando os cabelos e pintando a cabeça do rapaz.
História de vidaRenan Borlot Soares nasceu no bairro Consolação, comunidade carente em Vitória. Quando já era um pouco mais velho, a família se mudou para o bairro José de Anchieta, na Serra, local onde também moram muitas famílias com dificuldades financeiras. Até o fim do ensino médio, estudou apenas em escola pública. O jovem conseguiu se preparar para o vestibular em um cursinho particular porque ganhou uma bolsa de estudos, o que fez com que a mensalidade coubesse no orçamento.
"Dinheiro não é tudo na vida, o que provei foi que nem só as pessoas com melhores condições conseguem vencer. Se a gente se esforça, a gente consegue. Essa não foi apenas uma vitória minha, mas de todos que acreditaram em mim e de todos que querem correr atrás de seus sonhos."
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