Ontem recebi um e-mail de desabafo de um concurseiro leitor no blog, que numa passagem dizia o seguinte:
“Já tinha ouvido reclamações de muitos concurseiros de como as pessoas têm um certo preconceito por nós e tendem a nos ver como vagabundos, mas não imaginava que isso fosse tão comum mesmo entre pessoas da família e amigos próximos, gente que vê o quanto estudamos, do quanto abrimos mãos para poder estudar. Ninguém nunca me chamou de vagabundo na cara, mas fazem isso nas estrelinhas em comentários que ouço aqui e ali. Enquanto estudava sem passar em concurso nenhum era chamado de vagabundo, agora que já passei em dois concursos que ainda não tiveram nomeações publicadas, sou vagabundo mentiroso. Tenho certeza de que depois da posse, serei chamado de vagabundo corrupto. Isso chateia”.
É, meus amigos, que atire a primeira pedra quem nunca foi chamado direta ou indiretamente de vagabundo só porque optou por estudar seriamente para concursos públicos. Se você já pegou sua pedra para atirar, saiba que você já foi, sim, chamado várias vezes de vagabundo, só que não sabe, não ouviu, mas que foi chamado, foi.
No Brasil, infelizmente, estudar nunca foi e ainda não é muito valorizado, apesar das coisas estarem melhorando. Exceto entre quem fez curso superior logo em seguida ao ensino médio, o estudo não é considerado uma forma de trabalho, não é visto como investimento, mas como desculpa para não trabalhar e ganhar o próprio sustento. Claro que há aquele “papo de boca pra fora” de que o estudo é importante, de que deve ser valorizado e tal, mas no fundo essas pessoas acham que estudo só é bom quando não atrapalha a pessoa de trabalhar, como fazer faculdade ou algum curso a noite enquanto se trabalha durante o dia.
O concurseiro que opta por estudar em temo integral está fadado a sofrer esse preconceito, a ser sempre visto com um quê de dúvida se não estará usando o estudo como desculpa para evitar o trabalho. Ou seja, além de ter de enfrentar as dificuldades normais de estudar com seriedade para concursos públicos cada vez mais difíceis e concorridos, dificuldades essas que estão longe de serem poucas, os concurseiros também têm que saber lidar com esses olhares e comentários preconceituosos, carregados de altíssimo potencial de minar a motivação.
O pior é que é verdade que a pecha de vagabundos não existe somente enquanto estudamos sem ainda ter garantido nenhuma vitória ou enquanto a vitória não se realiza com a nomeação, nada disso, nos acompanhará também após a posse. Quantas vezes já não ouvi comentários do tipo “servidores públicos são todos uns vagabundos, atendem mal, trabalham pouco e ganham fortunas”.
Resumo da ópera – Se cada comentário negativo feito a nosso respeito fosse revertido em um real em nossas contas bancárias, podem ter certeza de que o saldo disponível seria bastante gordo. Então, concurseiros, não esquentem a cabeça por conta disso, não deixe que esses comentários minem sua motivação. O que importa é que nós saibamos o quanto estudamos seriamente, que nós mesmos não nos consideremos, no fundo, vagabundos. Se temos consciência de que lutamos com seriedade, não será a opinião contrária de ninguém que terá mais importância.
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