A difícil arte de deixar para trás as tristezas e derrotas

Recebi ontem o seguinte email de um leitor do blog:

"Estou me sentindo muito mal. Saiu hoje o resultado de um concurso no qual tinha certeza de que tinha ido muito bem e no final errei o dobro do que esperava ter errado, o que me deixou com chances mínimas de ser aprovado. Errei somente bobeirinhas. Estou me sentindo muito culpado com isso. Como você fazem para lidar com seus fracassos. Juro que tenho voltade de chorar de tristeza."

Alguém que sabia muito bem das coisas disse uma vez que a vida é como uma longa viagem de férias em que podemos carregar conosco apenas duas coisas, as fotos dos momentos felizes que vivemos ou grandes, pesadas e incômodas malas das tristezas e ressentimentos que amargamos. É fácil concluir que é muito mais fácil viajar com um pacote de fotos no bolso que carregando uma pilha de malonas sem alça.

Com concurseiros a coisa é muito parecidade, pois em nossa jornada concurseira também podemos optar por trazer conosco apenas as "fotos" do que aprendemos, dos sucessos que tivemos, das boas notas em prova que tiramos, ou então arrastar os pesados "malões" dos concursos em que não passamos por pouco, das questões que erramos de bobeira, daqueles "se eu tivesse estudado isso só mais um pouquinho".

Claro que como tudo o que é importante na vida, é mais fácil falar do que fazer. Se não fosse assim, todo mundo seria magro ... porque só que já tentou emagrecer sabe como isso é difícil. Só que também assim como emagrecer, termos uma postura positiva é mais do que necessário, é vital.

Não faz muito tempo fiquei muito chateado quando foram divulgadas as notas de um concurso e descobri que apesar de ter acertado mais de 90% da questões da prova, uma prova bastante difícil e complicada de resolver, tinha sido "agraciado" com nota 65 na redação. Isso caiu como uma bomba para mim que sempre fui bem em redações de concursos públicos. Muito chateado encontrei a noite no Skype um amigo e conversando relatei para ele o ocorrido. O cara ouviu pacientemente e então me disse algo mais ou menos assim, "Que chato, hein? Mas o que importa é que você fez bonito na prova escrita, leve isso com você, a certeza de que você tem estudado bem, que está preparado. Quanto a redação, não é todo dia que estamos inspirados. Lembre-se do Airton Senna, o cara ganhou trocentas corridas, mas também perdeu um punhado, ninguém lembra das corridas que ele perdeu, só das que ele venceu".

Se pensarmos bem, as tristezas e derrotas que vivemos na guerra dos concursos públicos são mais ou menos como levar um belo "pé na bunda" em um relacionamento em que realmente estamos apaixonados. No dia em que acontece dói pra caramba, no dia seguinte também, daí continua doendo, mas cada vez menos, até o dia em que nos apaixonamos novamente e esque cemos da dor, da paixão anterior, enfim.

Resumo da ópera - Estudas para concursos públicos deve ser a essência do famoso "sacodir a poeira e dar a volta por cima". Não há concurseiro que estude seriamente e que somente tenha vitórias, assim como também não amarga apenas fracassos. Vencemos algumas vezes, perdemos outras vezes, a vida é assim, estudar para concursos não seria diferente. No final, concurseiros, "o que importa não é chegar ao destino, mas como se faz a viagem".

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

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