Ontem recebi a visita de uma amiga que está naquela de “entro ou não entro nessa guerra” em relação aos concursos públicos. Ela é formada em Publicidade e Propaganda pela USP, menina inteligente e esforçada, que também se desiludiu quanto à iniciativa privada em termos de carreira profissional. Recentemente ela prestou o concurso da Petrobrás para a área dela, ficou satisfeita com seu desempenho nas matérias específicas, mas viu que precisará estudar muito até ter chances de realmente concorrer por uma das vagas oferecidas.
Expliquei que para entrar na guerra dos concursos públicos antes de tudo é preciso decidir se é realmente isso que ela quer, depois que é preciso traçar uma estratégia e então estudar muito sério por tempo suficiente até ter condições de alcançar a aprovação, nomeação e posse. Não dourei a pílula ou açucarei o remédio, que é amargo mesmo, não tem jeito. Falei da necessidade de longas horas de estudo, das frustrações que ela terá com as reprovações até “chegar lá”.
No final da conversa, pouco antes de nos despedirmos, ela perguntou algo que, tenho certeza, é o canto de sereia e garantia de frustração para muitos concurseiros novatos. “Então aquelas entrevistas e depoimentos de gente que passou nos primeiros lugares desses concursos não dizem a verdade? Hoje mesmo li uma entrevista de uma menina que passou em um dos primeiros lugares no concurso tal e ela disse que não precisou estudar o dia inteiro, nem deixar de dar atenção para a família e os amigos, parar de praticar esportes, ...”
Que já não leu uma essas entrevistas? Eu já nem as leio mais, por conta exatamente disso, algo que chamo de Síndrome do Não foi Tão Difícil. Essa síndrome ataca àqueles que já obtiveram sucesso em uma situação difícil, para a qual ralaram muito, se esforçaram muito, abriram mão de muita coisa para vencer, mas Deus sabe porque, na hora de relatar como foi sua luta, insistem em açucarar a danada da pílula amarga, dizer que tudo não foi tão difícil quanto ele ou ela pensava, que não é preciso fazer nenhuma mudança radical de vida para chegar aonde eles chegaram.
Juro que já parei várias vezes para tentar imaginar porque essas pessoas dizem isso? Para começo de conversa não é lógico. Se for para tornar o visual do sucesso ainda mais brilhante e invejável, deve-se fazer exatamente o contrário, declarar que alcançar a vitória foi mais difícil do que realmente foi. Não é correto, mas é muito mais lógico do que deprecia a luta. É como vender um carro ou qualquer outra coisa apontando os defeitos ao invés de realçar as qualidades.
Comigo, sinceramente, não tem isso, não. Se quase tive de dar um braço e uma perna para alcançar uma vitória, digo que quase tive de chegar a esse ponto. Se perdi noites de sono, tive muitas dores de coluna por ficar horas e horas sentado estudando, se houve dias em que por pouco a frustração da derrota não me consumiu, bem, porque motivo eu esconderia isso tudo e diria que foi, ao contrário, um passeio no parque?
É preciso sempre desconfiar de relatos concurseiros. Há muita gente por aí dizendo tranqueira, seja sem maldade ou com maldade. Se para alguns isso não interfere em nada nos estudos e/ou na motivaçã
o, para muitos outros interfere e muito. Imagine se essa minha amiga tivesse como única referência essa entrevista e estudasse achando que sua incursão na guerra dos concursos públicos seria tão fácil quanto a entrevistada disse que seria. Ela não estudaria o suficiente, não se desapegaria o necessário de muitas coisas para poder se dedicar aos estudos, confiaria numa vitória que nunca chegaria, ou melhor, até chegaria ... depois de uma década estudando errado.
Resumo da ópera – Logo, logo assistiremos a uma nova edição das Olimpíadas, a de Pequim. Serão alguns milhares de atletas competindo, os melhores em seus esportes e categorias. Uma pequena parte desses atletas alcançará as tão desejadas medalhas de ouro, serão os melhores dos melhores. Pode até ser que um ou outro diga que não foi tão difícil a jornada que o trouxe do primeiro dia de treino lá no início da carreira como atleta até a dourada medalha olímpica, mas pode ter certeza de que eles suaram tanto, sofreram tanto, ralaram tanto, treinaram tanto, quanto qualquer dos outros medalhistas de ouro!
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