Os absurdos que as bancas cometem
Concursos Públicos

Os absurdos que as bancas cometem


Ontem foi publicado o gabarito preliminar da prova do concurso público do TRE-MG sob responsabilidade do CESPE e, para variar, minutos depois começou uma gritaria geral dos candidatos organizados em comunidades, fóruns e listas de discussão sobre o concurso quanto a erros no gabarito e alegações de necessidade de anulação do concurso.

Antes de qualquer coisa é muito importante deixar algo muito claro. Muitos concurseiros criticam os colegas que reclamam de possíveis erros no gabarito e alegam motivos para anulação do concurso. Só que quem erra é quem critica, não quem reclama. Esses concurseiros ditos “reclamões” cumprem um importante papel de fiscalização dos concursos públicos, mesmo sem saber, visto que com suas reclamações, fundadas ou infundadas, obrigam as bancas a ter mais lisura no processo seletivo e corrigir eventuais falhas. Claro que as bancas incluem questões erradas e com mais de uma resposta certa nas provas, é claro que erram no gabarito, é claro que cometem erros e deslizes graves que podem ensejar a anulação do concurso, elas falhas, isso é fato, e somente através da fiscalização atenta dos candidatos que esses erros e deslizes são corrigidos. Quantas fraudes em concursos não foram descobertas por conta das reclamações e alegações dos candidatos? Muitos. Então, antes de criticar os candidatos que reclamam de erros e alegam deslizes graves em concursos públicos, pensem bem nisso. Pode até ser que vários façam isso por motivos egoístas, pensando em anular questões para ganhar pontos ou anular o concurso para ter uma segunda chance e ir melhor dessa vez, mas mesmo fazendo isso forçam à fiscalização dos concursos e às bancas que corrijam erros graves que prejudicariam talvez a todos os candidatos.

Nessa prova do TRE-MG a gritaria é, principalmente, por três motivos:

Erros na prova – O CESPE cometeu alguns erros toscos na prova. Há uma questão de informática cujo comando pedia para que o candidato assinalasse a alternativa incorreta, pois bem, há duas alternativas claramente incorretas e o gabarito apresenta como correta uma alternativa que está certa! Há também uma questão que cobra um ponto da matéria que também claramente não foi listada no edital, ou seja, se o edital não manda estudar, não pode cair em prova.

Erros no gabarito preliminar – Também há vários erros no gabarito preliminar. Algumas questões têm apontadas alternativas errada, outras questões permitem duas respostas corretas, outras nenhuma resposta correta.

Alegação de possível fraude no concurso – Na capa do caderno de prova foi colocado pelo CESPE que o gabarito preliminar seria publicado ontem às 19 horas. Pois bem, no começo da tarde foi vazado um link para os gabaritos, links esses localizados dentro do próprio website da banca. Daí muitos concurseiros desconfiaram de uma possível fraude, visto que quem vazou esse link poderia estar sabendo dele antes da prova, bem como outros favorecidos indevidamente, afinal de contas, somente uma perícia poderia verificar há quanto tempo esse arquivo estava lá e se alguém o acessou antes da prova.

Gente, como sempre fico abismado, estarrecido, abobado de como uma banca famosa e experiente como o CESPE pode cometer erros tão grosseiros, o que não é exclusividade sua, mas de toda e qualquer banca, seja ESAF, FGV, FCC e por aí vai. Putz, os caras têm a experiência, o expertise, os meios, os recursos, tudo para evitarem que erros assim aconteçam e mesmo assim esses erros ocorrem. Sinceramente, acho que falta é uma cláusula obrigatória por lei em todos os contratos para organização de concursos públicos prevendo que se ocorrerem erros desse tipo por culpa das bancas, elas perdem metade do valor previsto para receberem como pagamento pela organização do concurso. Simples assim, precisa só das bancas correrem o risco de perderem dinheiro para fazerem um trabalho perfeito!

Resumo da ópera – As bancas organizadoras de concursos públicos estão longe de ser perfeitas e totalmente honestas. Nenhuma escapa de cometer erros graves nos concursos cuja organização está sob sua responsabilidade e nenhuma pode dizer que tem a ficha limpa em termos de fraude em concursos públicos. Cabe tanto aos órgãos e entidades que promovem os concursos, quanto aos Ministério Público, às associações públicas envolvidas com a proteção dos interesses dos envolvidos com concursos públicos e, principalmente, aos próprios concurseiros ficarem de olho muito aberto para que erros e fraudes sejam evitados e corrigidos com a máxima seriedade.

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

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