Cuidado para não cair nas 'pegadinhas' em provas de concurso
Concursos Públicos

Cuidado para não cair nas 'pegadinhas' em provas de concurso


A disputa por uma vaga no serviço público está cada vez mais acirrada. Milhões de pessoas todos os anos participam de concursos em busca da estabilidade, bons salários, o cargo dos sonhos. Mas, nessa batalha, qualquer erro pode ser fatal para as pretensões do candidato. Faz tempo que as 'pegadinhas', tão populares e exibidas ao extremo por programas de tv, são empregadas pelas organizadoras de processos seletivos. Ao contrário da televisão, onde a proposta é apenas fazer graça, nas avaliações o objetivo é pra lá de sério: confundir o concurseiro. E, se possível, fazer com que ele erre a questão.

O analista judiciário do TRT da 1ª Região e autor de livros, Eric Savanda, percebeu logo em seu primeiro concurso o perigo dessas 'armadilhas' que, acredite, são elaboradas por quase todas as bancas. E desenvolveu algumas técnicas para ensinar aos candidatos a 'malandragem' de como escapar dessas ciladas. "Eu as descobri por acaso. Logo a primeira seleção que fiz foi para a Dataprev e fiquei em segundo lugar. Fiz a prova para analista de Tecnologia da Informação e percebi que pessoas com mais formação ficaram em uma colocação pior. Reparei que as questões que fizeram diferença eram exatamente aquelas que tinham esta natureza. Eu acertei e eles erraram. Por isso é necessário ter atenção em todos os concursos. Saber escapar dessas armadilhas faz a diferença", declara.

Ele explica o que são as 'pegadinhas'. "São maneiras de o autor estruturar a questão, sempre de maneira a induzir o candidato a enveredar para uma linha de pensamento errada. Podem ser de diferentes tipos e categorias", comenta. Para Eric Savanda, estudar essas questões é importante. "Claro que existem pessoas aprovadas sem saber as técnicas para desvendar as 'pegadinhas'. Mas desenvolver a habilidade de perceber esse tipo de questão é importante", diz.

Qual sua formação? O que chamou sua atenção em especial para as 'pegadinhas' em provas?
Eric Savanda - Eu me formei em Sociologia. Entrei para cursar Direito, mas logo depois troquei e me formei em Sociologia. Eu descobri as 'pegadinhas' por acaso. O primeiro concurso que fiz foi o do Dataprev e fiquei em segundo lugar. E notei que pessoas com mais formação - o concurso era para analista de Tecnologia da Informação - ficaram em posições piores. Depois fui analisar as provas junto com outros colegas e observei que eu acertei todas as questões erradas pelos formados em TI. Eram questões com 'pegadinhas' e isso me chamou a atenção para a importância desse tipo de questão na classificação para qualquer tipo de concurso.

O que são, afinal, as 'pegadinhas'? Qual sua definição? Elas podem ser de diferentes tipos, têm categorias distintas?
São maneiras de o autor estruturar a questão, sempre de maneira a induzir o candidato a enveredar para uma linha de pensamento errada. Podem ser de diferentes tipos e categorias. Essa foi outra descoberta que fiz. A partir do momento que passei a estudar com a consciência da importância de conhecer as 'pegadinhas', eu passei a colecionar diferentes tipos de questões. Cheguei a ter duas mil 'pegadinhas' no meu computador. Como passei a estudar muito isso, percebi que existia um padrão encontrado em diferentes questões, de diversas disciplinas. O padrão é o mesmo. Quando descobri isso foi uma surpresa, mas me facilitou bastante. A maneira como a questão é estruturada é a mesma. Passei a prestar atenção na estrutura, reparando nas semelhanças, cataloguei os limitados tipos de estrutura. À medida que as estruturas são classificadas, percebe-se mais semelhanças entre elas, e com o estudo, inconscientemente o candidato desenvolve a habilidade de reconhecer essas armadilhas.

Quais são as principais estruturas?

Uma das mais comuns em questões jurídicas são as 'pegadinhas' de detalhes. Existe o enunciado e nele um detalhe que parece não ter a menor importância e passa despercebido, mas aquele detalhe é a chave da questão. Quando o candidato deixa passar, erra a questão. Uma outra estrutura comum é a escolha mais certa. São dadas determinadas opções corretas de respostas, mas uma delas é a mais correta. Se o candidato já marca logo a primeira, pode acabar errando. Uma outra muito comum é a de senso comum. Palavras que são usadas costumeiramente com um sentido, mas em certas áreas elas têm um significado mais técnico. Com isso, na hora de responder a questão o candidato que não é da área acaba errando.

O grau de competição em concursos é mesmo tão acirrado que é preciso que o candidato estude as 'pegadinhas' de forma específica?
Eu não digo que é necessário, mas é importante. Existem muitas pessoas aprovadas em concursos sem ter todo esse conhecimento sobre 'pegadinhas', é claro. Mas eu costumo dizer que quem tem esse conhecimento e essa habilidade consegue ter uma vantagem na hora da prova.

Com que frequência ou porcentagem elas costumam aparecer nas provas de concurso?
Elas caem em praticamente todas as provas. Existem dois tipos de questão: as com 'pegadinhas' e as comuns. A questão comum é a que testa somente o conhecimento do candidato, ele sabe ou não. E existe a com 'pegadinha', na qual o autor coloca algum elemento para induzir o erro. Cerca de 80% das questões são as comuns, os outros 20% são com 'pegadinhas' e são nessas que os candidatos mais bem preparados costumam cair.

Quais são as bancas que mais costumam lançar mão deste recurso?
Todas elas usam, não tem uma que use mais. O que muda são as preferências de estruturas.

Do ponto de vista criterioso da seleção, e mesmo sob o foco ético, é aceitável a cobrança de tantas 'pegadinhas'?
Do ponto de vista do candidato, não. Para a instituição é interessante. É uma forma de selecionar, de eliminar. Uma das principais intenções de quem cria essas perguntas é exatamente fazer o candidato bem preparado errar a questão. O candidato mal preparado não é a preocupação, esse vai errar de qualquer jeito. A 'pegadinha' é direcionada a quem estudou. E por isso ela é perigosa.

Como proceder, no momento de uma resolução ou resposta, diante de uma questão identificada como 'pegadinha'? Quais cuidados extras devem ser tomados?
A partir do momento que o candidato identifica, ele deve redobrar a atenção, ler com calma, não deve se precipitar.

Como não cair na paranóia de enxergar 'pegadinhas' por toda a prova, começar a ver fantasmas onde há apenas questões comuns? Isso pode prejudicar o concurseiro, causando um estado permanente de tensão? Como evitar esse extremo?
Isso não acontece com quem estudou. Quem estudou sabe reconhecer esses tipos de questões. Já o candidato que não se preparou adequadamente, esse sim terá esse tipo de problema. Mas repito, o bem preparado não tem essa preocupação.

Em quais disciplinas as 'pegadinhas' costumam ser mais recorrentes? Elas são muito empregadas, por exemplo, em Direito?
Essa é uma pergunta complicada. Quando criei essa técnica foi com base em questões jurídicas. Nas questões desta área, a frequência é igual. Não sou um especialista na disciplina, mas diria que a matéria com mais condições de se criar 'pegadinhas' é a Língua Portuguesa. Mas posso garantir que o Direito tem muitas.

Poderia dar um exemplo que considere um clássico de 'pegadinha'?
Existe uma brincadeira na qual as pessoas dizem o que é o que é, é uma brincadeira de adivinhação. Existem questões nesse estilo. Por exemplo, quantos animais de cada espécie Moisés colocou na Arca? A pergunta não faz sentido, está errada, pois não foi Moisés, e sim Noé. Isso acontece em questões de concurso, perguntas sem o menor sentido, que partem de princípios equivocados. O candidato perde tempo tentando resolver e muitas vezes erra a resposta, por falta de atenção no enunciado, na pergunta.

Fonte: Folha Dirigida



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