Cadeiras vazias, muitas cadeiras vazias
Concursos Públicos

Cadeiras vazias, muitas cadeiras vazias


Hoje publico meu penúltimo artigo sobre o concurso do Ministério da Fazenda. Dada o grande número de candidatos e peculiaridades desse concurso, acho que vale a pena uma série de artigos, principalmente para alertar outros candidatos sobre ocorrências que podem, e vão, voltar a serem verificadas em outros concursos pelo Brasil afora.

Hoje vou falar de dois assuntos que considero muito importantes para o geral dos concursos públicos no Brasil.

O primeiro deles é o alto nível de abstenção observado nesse concurso, ou seja, o número de candidatos que não apareceram para fazer prova. Ou seja, o cara pagou a inscrição e no domingão de prova preferiu ficar em casa curtindo aquele belo almoço de domingo regado à cerveja e acompanhado de uma boa soneca pelo resto da tarde.

Como esse concurso foi nacional e realizado simultaneamente nas 26 capitais do país, a média de abstenção tende a variar, mas pelo que já li a média ficou em torno de 25%. Putz, gente, se pensarmos que 1 em cada quatro candidatos dos quase 600 mil inscritos não apareceu para fazer prova, bem, é gente faltante pra caramba.

O que faz alguém se inscrever em um concurso e não fazer prova? São muitos e diversificados os motivos. O cara não estudou e prefere não perder tempo. O cara passou mal. O cara se esqueceu do dia da prova. O cara perdeu a hora. O cara está preferiu prestar outra prova que acontece no mesmo dia. O cara nem se lembrou que se inscreveu naquele concurso.

Na minha sala de prova, por exemplo, dos 50 candidatos esperados, apenas 30 apareceram para fazer prova. Enquanto os fiscais entregavam os cadernos de prova, olhei para a sala e vi aquele montão de carteiras vazias. Para muitos candidatos é um alívio, para outros é mais um motivo para ficar tenso, para outros ainda é apenas uma constatação ... faço parte do terceiro grupo.

O segundo assunto é quanto à média de idade observada nesse concurso. Não sei quanto à média geral de idade em todo o país, mas na minha sala de prova a média era bastante alta, em torno dos 43 anos de idade. Isso mesmo, havia muito mais candidatos de meia idade que candidatos mais jovens.

Acredito que a média de idade dos concursos de nível médio tem aumentado desde o final do ano passado por conta da famosa crise econômica mundial. O porquê é bastante claro, quanto maior a média de idade, mais difícil a recolocação no mercado de trabalho. Por outro lado, os mais jovens que estão empregados pensam dez vezes antes de largar o emprego para estudar para concursos e com o enxugamento dos quadros de funcionários da empresas, têm de trabalhar muito mais, daí ficam muito cansados para poder encarar trabalho e estudo para concursos públicos.

Se pensarmos com cuidado, esses dois assuntos estão intimamente ligados e formam um retrato da situação pela qual a crise grassa pelo setor de mão-de-obra no país.

Agora, não adianta pensar que nenhum desses dois aspectos facilita ou dificulta a aprovação em concursos públicos, visto que a maioria dos faltosos em qualquer concurso público não tinha mesmo qualquer chance de passar, e média de idade nunca significou maior ou menor capacidade de estudo e chances de sucesso e aprovação.

Resumo da ópera – É, gente, o mar não está para peixe, não. Se em períodos de vacas gordas já não dá para entrar na guerra dos concursos públicos de brincadeira, agora, em período de crise, que não dá para fazer isso mesmo. Se você se enquadra nesse perfil, digamos, brincalhão, está mais do que na hora de você rever seus conceitos. Agora, se você não está, cuidado na hora de orientar outras pessoas que lhe pedem conselhos quanto a se dedicar e estudar para concursos públicos, seja sincero e diga como é a realidade das coisas.

Ahhh, o pessoal tem perguntado na shoutbox quanto pontuei nesse concurso. Apesar de ter derrapado um pouco em Raciocínio Lógico (por falta de papel para fazer cálculos) e sofrido com tributário, deu para fazer 103 pontos. Vamos ver o que vira.

Charles Dias é o Concurseiro Solitário.

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